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Comportamento

Com medo de se aposentar, Simone só deixou serviço graças ao crochê

Antiga servidora do TJMS temia não ter o que fazer na aposentadoria, mas ocupou a mente com artesanatos

Por Aletheya Alves | 09/01/2025 07:19
Com medo de se aposentar, Simone só deixou serviço graças ao crochê
Simone criou um espaço em casa para fazer os crochês e artesanatos em geral. (Foto: Osmar Veiga)

Aos 62 anos, Simone Possas demorou para se aposentar e não foi por impedimentos externos. Em 2024, já estava “atrasada” para pedir seu descanso há sete anos e só formalizou a solicitação quando percebeu que o crochê e seus artesanatos haviam tomado seu cotidiano.

Há cerca de quatro décadas, a gaúcha chegou à Campo Grande e começou a trabalhar em uma cooperativa. Foi nessa época que aprendeu a crochetar com uma vizinha, sem imaginar que tanto tempo depois, o gosto pela parte mais artística e manual é que salvaria seus dias.

Explicando essa história de não querer se aposentar, Simone narra que temia ficar em casa o dia todo apenas assistindo televisão. Viúva há seis anos, imaginava que a falta de atividades seria algo negativo ao invés de uma alegria.

Mas, com o tempo, as linhas foram ganhando força, assim como transformar folhas de jornais em produtos para os amigos. Quando percebeu que sua lista de espera estava enorme, caiu a ficha de que a aposentadoria poderia chegar e viria em bom tempo.

Com medo de se aposentar, Simone só deixou serviço graças ao crochê
Encomendas ganham até identificação de Simone. (Foto: Osmar Veiga)
Com medo de se aposentar, Simone só deixou serviço graças ao crochê
Livros escritos pela gaúcha durante sua vida. (Foto: Osmar Veiga)

Contando melhor sobre sua história, ela explica que foram 18 anos dedicados à cooperativa como secretária. Quando o espaço começou a indicar que fecharia, ela decidiu estudar mais e prestar concurso para o TJMS. Por lá, foram 22 anos de serviços prestados.

“O crochê começou para mim no meu tempo de solteira, quando eu vim para Mato Grosso do Sul e trabalhava na cooperativa. Eu fui morar em uma edícula no fundo de uma casa. Fiz amizade com a dona, a Lídia, que tenho ela como irmã até hoje e foi quem me ensinou crochê”.

Conforme os anos foram passando, em meio à correria dos dias, o crochê e os artesanatos ficavam reservados ao tempo livre. Até que Simone entendeu que realmente gostava da prática.

Mas, diferente de muitas pessoas que usam o artesanato como fonte de renda, Simone decidiu ir por outro caminho. Todos os pedidos feitos são cobrados com alimentos não perecíveis para doação à Pestalozzi e à Cufa (Central Única das Favelas).

E, mesmo com tempo de sobra, a lista de pedidos realmente é enorme. Exemplo disso é que, nesta semana, um conjunto de cachecol e touca foi finalizado quase dois anos após ser encomendado por uma amiga.

Além do artesanato, Simone também divide sua história com a literatura. Formada em Letras, ela escrevia poesias para o jornal local de Rio Grande, no RS. Depois, criou seus livros e nunca abandonou o gosto pelas palavras.

Tanto que em seu ateliê, a estante de livros tem espaço garantido, assim como suas próprias obras. Ali, no seu cantinho, tem construído uma nova rotina para essa fase da vida que, em seu caso, chegou a ser tão temida.

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