Concurso quer ser semente para 1ª agência de modelos indígenas
Evento foi realizado na Aldeia Urbana Marçal de Souza, em Campo Grande
Realizada na Aldeia Marçal de Souza neste sábado (11), a 1ª Edição do Miss Indígena Charm reuniu participantes de Campo Grande e do Interior. Sonhando com a vida nas passarelas, os organizadores e as concorrentes veem o evento como uma semente para criar a 1ª agência de modelos indígenas.
Nesta noite, a vencedora do concurso foi Giovanna Lavalis, que é terena da Aldeia Ipegue, em Aquidauana. Modelo fotográfica, Giovanna já venceu o Miss Guerreira 2022 e o Miss Indígena Pantanal Web 2022.
Conforme o produtor cultural e um dos organizadores do evento, Bryant Soares, o concurso é um dos primeiros passos até a agência de modelos indígenas. “A ideia de fazer uma agência futura veio em conjunto com nossas principais modelos aqui da comunidade, Vitória Cristine, que já desfilou no MS Fashion Week, a primeira indígena a desfilar, e Ana Malheiro, que foi a primeira indígena a desfilar na ExpoVIP Semana de Moda, dentre outros eventos”.
A partir do evento e da futura agência, ele comenta que fortalecer a ligação entre os povos indígenas e destacar a beleza faz parte do movimento de resistência. “A beleza da mulher indígena brasileira é essa, com seus jeitos, trejeitos e formas. Então, hoje o evento vem mesmo não somente para existir, e sim resistir a todo esse movimento e desconstruir mesmo os padrões da moda”, detalha Bryant.
Cacique da Aldeia Marçal de Souza, Josias Jordão Ramires explica sobre a importância tanto do evento quanto da ideia de se criar uma agência de modelos específica para indígenas. “A gente precisa mostrar também o empoderamento, a valorização da mulher indígena no estado de Mato Grosso do Sul e isso vai para outros estados também. É um momento histórico para nós, um momento de unificação dos povos porque temos várias comunidades reunidas em um evento grandioso como o Miss Indígena Charm”.
Entre as participantes que precisaram viajar para estar no evento está Stephani Benites, da Aldeia Te’yikue, de Caarapó. Aos 15 anos, a indígena guarani foi uma das mais novas do evento.
Acompanhando a filha, Edmilson Ocampos explica que além de apoiar o sonho da filha, o evento é mais uma chance de falar sobre sua cultura. “A gente gosta de manter e trouxemos um pouco da nossa cultura porque na nossa aldeia preservamos bastante”.
Suyane Maraisa, da Aldeia Lalima em Miranda, também enfrentou a viagem para participar. Sonhando com o título, a indígena terena narrou que a ansiedade para participar era grande até por não conhecer ninguém em Campo Grande.
“Estava ansiosa, mas eu acho importante ter eventos assim porque muitas pessoas têm esse sonho. Eu sempre quis participar de um desfile assim, meu sonho sempre foi ser miss indígena”.
Assim como ela, Eliete Lemes, da aldeia guarani-kaiowá Guapo’y, veio do município de Amambai para participar. “Eu já participei de outros eventos na minha cidade e na minha aldeia, mas fora só em Paranhos. Estou muito feliz porque geralmente não saio da minha aldeia. Só saio para ir desfilar nos vizinhos mesmo, até porque aqui é muito longe. Mas estou muito feliz por Bryant ter mandado o convite”.
De Campo Grande, a indígena terena Verônica Ribeiro entrou pela primeira vez em um evento de beleza. “É meu sonho desde criança porque minha prima era Miss na Aldeia Ipegue e cresci vendo ela. Sempre pensei que quando tivesse oportunidade ia sim tentar também. Além disso, é importante porque a história do Brasil é indígena e precisamos mostrar a beleza indígena”.
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