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Comportamento

Conhecido pelos presídios, Noroeste quebra estigma com balé e música

Iniciado em 2017, projeto Recriar dá aulas gratuitas de dança, canto e música para 100 crianças

Jéssica Fernandes | 01/08/2023 07:31
Meninas do Bairro Noroeste realizam oficinas de balé no Bairro Chácara Cachoeira. (Foto: Arquivo pessoal)
Meninas do Bairro Noroeste realizam oficinas de balé no Bairro Chácara Cachoeira. (Foto: Arquivo pessoal)

Em Campo Grande, um grupo de bailarinas do Bairro Noroeste vivenciam há três meses uma experiência única. Através do projeto Recriar em parceria com a United Dance, 10 meninas têm aulas gratuitas de balé clássico no Bairro Chácara Cachoeira.

O que poderia ser algo distante da realidade dessas meninas acontece graças a iniciativa da pastora Maria Izabel. Em 2017, ela criou o projeto Recriar, que atende cem crianças com o objetivo de construir uma nova história para elas e as famílias impactadas pela atividade social.

A diretora do Recriar atuava como missionária no presídio de segurança máxima quando percebeu que deveria fazer algo diferente. “Ao decorrer da minha experiência de estar no evangelismo, pude ver que a situação daqueles homens vinha da estrutura familiar. Tudo ocorria na infância e sempre percebi isso e tive essa dor de ver a infância deles destruída e que resultou no envolvimento com o crime”, explica.

Veja o vídeo:

O trabalho social com as crianças, segundo ela, foi ‘amor à primeira vista’. Durante uma ação de evangelismo no Bairro Noroeste, Maria Izabel esteve no lixão desativado quando percebeu que estava na hora de agir.

“Nesse lixão, vi muitas crianças. Ali senti todas as dores e consegui conectar com o presídio, que poderia trabalhar com a prevenção. Senti um chamado de acolhimento, amor e a partir disso iniciei o trabalho de formiguinha”, diz.

Como os filhos são músicos, ela conseguiu que o projeto oferecesse aulas de música, canto e dança. Durante a pandemia, o Recriar ficou sem prédio e ainda assim nada parou. “Para não perder as crianças, fui com elas para debaixo do pé de manga até que ganhei um terreno”, recorda.

Professor Márcio Elias, diretora do projeto Maria Izabel e produtor Rafael Fornazare. (Foto: Alex Machado)
Professor Márcio Elias, diretora do projeto Maria Izabel e produtor Rafael Fornazare. (Foto: Alex Machado)

Já as oficinas de ballet clássico aconteceram após a United Dance se colocar à disposição do Recriar. Nesses três meses, as aulas tem feito a diferença na vida das alunas. “Elas estão gostando. Tem meninas que o pai, avô morreram assassinados e esse balé foi super importante para a vida dessas meninas”, afirma.

O professor Márcio Elias, de 29 anos, comenta que as oficinas possibilitam uma mudança na perspectiva das garotas. Ele fala que todas estão animadas com o balé e que tem algumas que demonstram vontade de serem bailarinas profissionais.

“O mais importante é a questão da perspectiva, de elas verem que podem estar mudando o objetivo de vida e se tornarem profissionais futuramente. Na questão clássica e técnica está começando, tem duas ou três que os olhinhos brilham mesmo. As outras estão fazendo e gostando”, destaca.

O balé também tem ajudado na formação disciplinar e, conforme o produtor, isso é um dos benefícios do acesso à cultura. “Muda porque a gente está levando um sonho para aquela criança que futuramente pode agarrar e levar para a vida profissional dela. O balé, a dança em si traz muita disciplina e isso muda o relacionamento que elas terão com os pais, na escola. A dança, arte e cultura agrega tudo isso”, pontua.

Quem quiser conhecer e ajudar com o projeto, o perfil no Instagram é @projeto.recriar

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