Descobri um mundo fora da zona de conforto ao construir casas para sem teto
Helena Paixão tem 26 anos, é engenheira civil, "quase" pós-graduada em Infraestrutura de Rodovias e Transporte e uma aventureira no voluntariado. Da Argentina, ela que mora em Campo Grande, relatou no Voz da Experiência o que vem fazendo e aprendendo neste intercâmbio. A jovem descobriu um mundo mágico lá fora não por ter saído do País, mas ao mudar a realidade dos sem-teto.
Cerca de um ano venho fazendo trabalho voluntários através de uma organização a AIESEC, atualmente estou morando na Argentina, na cidade de Cordoba, através de um intercâmbio deles. Nos dias 14, 15 e 16 de maio, participei da construção massiva do Techo no assentamento Bajada San José.
A organização que está presente na América Latina e Caribe busca superar a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas nas comunidades precárias, através da ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários. Com a implementação de um modelo de intervenção focado no desenvolvimento comunitário, buscamos através da execução de diferentes planos, construir uma sociedade justa e sem pobreza, onde todas as pessoas tenham a oportunidade de desenvolver suas capacidades e possam exercer plenamente seus direitos.
Se entende por "comunidade precária" um grupo de oito ou mais famílias que vivem em um terreno que possui uma situação irregular em termos legais e que carece de pelo menos um serviço básico, como eletricidade, água e esgoto.
As casas de emergência, como são conhecidas, são pré-fabricadas de madeira com durabilidade de cinco anos, é um prazo em que se espera incorporar toda a sociedade mobilizando os recursos necessários para uma solução definitiva.
Para a construção, são “gerados” vários times e cada um fica responsável para construir uma casa e inaugurá-la, além de nós voluntários, a família também nos ajuda a construir.
O que mais me tocou foi que toda a família, ou seja os futuros moradores, são pessoas muito humildes e que compartilhavam com abundância da sua melhor comida e nos ajudaram do começo ate o final da construção. O projeto da casa não é nada luxuoso, pelo contrário, bem simples. São 18m² feitos de madeira pré-fabricada.
O material chega separado em um caminhão, contendo um kit para casa, com os principais materiais que serão usados. Existe um manual de construção que deve ser seguido passo a passo e com tempo para cada etapa.
Participar do projeto foi e tem sido a melhor experiência da minha vida. Aprendi muito, não só com técnicas da construção. Aprendi compartilhar o meu melhor e buscar a excelência sempre. Antes de fazer trabalho voluntário, não dava muito valor ao próximo. Na verdade a nada até então, mas poder contribuir e ver o sorriso da pessoa é a melhor coisa deste mundo.
E foi morando longe dos meus pais, saindo da zona de conforto, que me fez crescer muito como pessoa. Assim eu pude me conhecer. Dar valor, amar mais ao próximo e sempre, sempre, sempre ajudar as pessoas. A melhor parte de tudo isso? Ela não fica comigo, ela vem da inauguração da casa: quando os futuros moradores cortam a fita. O que levo daqui? A constatação de que deveria existir mais trabalho voluntário como este, na área de Engenharia, no Brasil.
Quer contar sua história também? Manda sua experiência para a gente no Lado B.