Do jeito que gosta, Faustino tocou berrante e dançou muito na festa de 100 anos
Aniversariante ganhou uma festa daquelas ao lado da família e mostrou que está cheio de disposição, mesmo aos 100 anos
Ao lado de amigos e com a simplicidade que sempre o acompanhou, Faustino Gonçalves comemorou a chegada dos 100 anos com muita disposição e música caipira. A festa reuniu quase 200 convidados em chácara de Campo Grande e a temática country da decoração fez o o vovô relembrar o tempo em que vivia na roça. Mas o melhor para ele foi tocar o berrante e dançar um arrasta pé.
“100 anos é muito tempo, nem parece que tenho essa idade, não sinto nada. Como bem, durmo bem, posso trabalhar. Trabalhei muito com enxada, lavoura. Lembro que antigamente as festas eram boas, não tinham brigas, e o povo dançava a noite toda”, conta Faustino, bem disposto.
Ele é mais lúcido que muita gente por aí. Enxerga bem e adora contar suas histórias. “Ele lembra das histórias do Pantanal, da época que amansou burro bravo e o boi. É o melhor pai do mundo, trabalhava duro para não deixar nada faltar. Sempre foi alegre e dizia pra gente estudar”, recorda a filha, Tania Gonçalves.
Ela tem 56 anos, é funcionária pública e desde o começo de 2019 organizou a festa com a família . “É uma data histórica e idade única. Ele tem 8 filhos e contamos com o auxílio até dos sobrinhos de São Paulo, que são mais apegados. Fizemos essa homenagem para meu pai que é nosso alicerce, e com suor fez com que os filhos estudassem para ter uma vida digna”, destaca.
Foi um dia de emoções e agradecimentos. “Ele se emocionou ao receber os convidados. Se lembra que o aniversário é dia 10 de outubro, mas quando falávamos da festa ele esquecia. Ele não escuta bem, mas ficou sentadinho na poltrona ouvindo enquanto era homenageado. Via pela carinha dele a alegria”, comenta a filha.
Tania relata que o segredo para se tornar um centenário é cuidar da saúde. “Ele sempre teve uma alimentação saudável, isso colaborou muito. É a primeira pessoa da família a chegar aos 100 anos. É a nossa Aroeira’”, brinca a filha se referindo a árvore que tem a madeira mais resistente.
A festa começou às 10h com o anfitrião recebendo os convidados na entrada. Depois, os bisnetos e tataranetos entraram espalhando pétalas de flores pelo chão e entregaram um buque de flores ao aniversariante, como forma de parabenizar e agradecer por tudo até aqui.
Os filhos entraram ao som do tradicional modão caipira, trazendo à tona aquela nostalgia dos bons e velhos tempos da vida no campo. Outra filha do aniversariante, Maria Gonçalves, de 64 anos, e um primo escreveram uma carta contando a história de Faustino e relembraram na festa.
“Falamos de quando ele era criança, da vida na fazenda e quando conheceu minha mãe. Ela morava numa chácara, era filha de viúva, ele se tornou amigo da família e conquistou o coração dela. Comentamos sobre nossos avós, foi uma apresentação rápida”, diz Maria. “É tudo pra mim. Me ensinou as boas condutas e tudo que sou hoje aprendi com ele”, complementa.
Assim como a irmã Tânia, ela lembra dos momentos que passou ao lado do pai na infância. “Nos finais de tarde e nos fins de semana a gente fazia uma roda com os parentes e ele falava do trabalho. Dizia que enfrentava onças e que passava apuros com elas. Gostava de tirar mel e levava pra gente, nós adorávamos”.
A festa ocorreu numa chácara para proporcionar mais conforto a Faustino. Na decoração rústica teve bolo fake, roda de madeira na parede, bota, laços, ferradura, etc. A cor marrom e dourada combinou com a temática roceira. Até João de 94 anos, que é o irmão caçula do aniversariante foi festejar a data.
A neta, Juliana Rezende compareceu ao aniversário e levou o pequeno Gabriel, de um ano, para fazer a alegria de Faustino. “Vê-lo brincar com o meu filho enche meu coração de alegria, de orgulho, de gratidão. Era um sonho e hoje eles convivem, brincam e aproveitam a companhia um do outro”, diz emocionada.
O resgate da história do aniversariante, feito pela família, fez com que a neta recordasse momentos marcantes. “Lembro de brincar com meus primos no quintal da casa dele. Era uma aventura, pegávamos Urucum no pé e brincávamos de fazer tinta. Meu avô é forte, turrão, amoroso, fofo, teimoso e não tem meias palavras. Simboliza força e espiritualidade, ajudou muitos a se levantar na vida espiritual”.
A comemoração continuou até o anoitecer, e o aniversariante dançou, sorriu, brincou com a criançada e até chorou. Foi um dia repleto de emoções, e agora Faustino aguarda firme e forte a chegada dos 101 anos em 2020.