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Comportamento

Dor causada pelo câncer vira coragem em ensaio fotográfico

Mulheres atendidas no Hospital do Câncer contam sobre como fotografias integram tratamento

Por Aletheya Alves | 20/11/2023 07:01
Tatiane Barbosa conta que sessão fotográfica fez diferença no tratamento. (Foto: Daiane Montiel)
Tatiane Barbosa conta que sessão fotográfica fez diferença no tratamento. (Foto: Daiane Montiel)

Quando Tatiane Barbosa Nantes recebeu o diagnóstico de câncer de mama, só pensava que poderia morrer. Glaucia de Carvalho Soares ficou sem reação quando ouviu que precisaria passar por sessões de quimioterapia. Agora, ambas em tratamento, contam sobre como através de um ensaio fotográfico conseguiram transformar as dores, dúvidas e tristezas em ainda mais coragem.

Vendo o resultado das fotografias, as duas mulheres explicam que parte do processo de cura envolve a saúde mental. E, justamente por isso, não pensaram duas vezes antes de aceitarem o convite da fotógrafa Daiane Montiel.

“Quando a pessoa se sente mais bonita e fica com a autoestima lá em cima, as coisas fluem”, resume Tatiane. Focada em enfrentar a doença desde julho, ela explica sobre o processo do tratamento e garante que lidar com o tema se torna menos difícil quando diversas ações ajudam em âmbitos diferentes.

Retornando a maio deste ano, Tati detalha que sentiu um nódulo na mama esquerda. Era um tumor maligno, estava com sete centímetros e, na minha cabeça, independente do diagnóstico eu queria tirar”.

Durante uma das consultas, a informação foi de que a cirurgia não seria possível devido ao tamanho do tumor e, por isso, ela teria que se submeter a sessões de quimioterapia. “Isso me baqueou naquele dia por tudo o que a gente vê e ouve. Eu tinha muito mais medo da quimioterapia do que da cirurgia, tinha mais medo do que do câncer em si”.

Recebendo apoio da família e da equipe médica, Tatiane narra que iniciou o tratamento e, longe do que imaginava, garante que teve sorte. “Até agora, não senti nada e meu corpo tem aceitado bem. No dia da quimioterapia fico sonolenta por conta do antialérgico e a única reação foi a queda do cabelo”.

Para Tati, o convite da sessão de fotos veio como mais uma forma de auxiliar no tratamento. “Foi uma manhã muito gostosa em que a gente se sentiu bem. É ótimo para a autoestima, você se sente mais bonita, mais empoderada”.

Glaucia narra que é essencial encontrar uma rede de apoio. (Foto: Daiane Montiel)
Glaucia narra que é essencial encontrar uma rede de apoio. (Foto: Daiane Montiel)

Compartilhando do gosto pelas fotos, Glaucia explica que segue namorando os resultados até agora. “Nós fomos reconhecidas como mulheres fortes, guerreiras. Me fez dar valor à vida como eu nunca havia dado. Vi mulheres carecas, com perucas, outras sem as mamas e com cicatrizes enormes, todas ali lutando”.

Sobre sua história, ela explica que o diagnóstico veio em setembro. Na época, os pensamentos eram os mais terríveis possíveis.

“Fiquei chorona, calada, cansada. Muitas vezes orei e chorei, clamando para Jesus que não queria morrer, que eu tinha muito ainda para viver”, relembra Glaucia.

Hoje, a paciente destaca que é necessário lembrar e reforçar sobre como há saída. “Quero dizer para as mulheres não se calarem, compartilhem informações porque elas salvam vidas. O câncer não escolhe idade, cor ou crença e nem avisa quando vai chegar. Você é mais forte do que qualquer doença, vai rir, chorar e se tornar mais forte. Procure uma rede de apoio, profissionais da saúde, um psicólogo e não tenha vergonha, não negligencie”.

Realizado por Daiane Montiel, o ensaio veio como parte de um projeto para mostrar que a fotografia não é apenas um registro. “Quero usar a fotografia para ajudar e não apenas como meio de me beneficiar financeiramente, apesar de isso também ser importante porque é minha profissão”.

A partir desse objetivo, a fotógrafa detalha que tem se identificado com fotografia feminina e, em um dia aleatório, acordou pensando em fotografar mulheres com câncer. Após ligar no hospital, ela recebeu a devolutiva positiva e agendou a sessão com as pacientes.

“Você imagina passar por algo assim? Não sei como seria para mim. Amo apoiar outras mulheres e, se eu posso fazer isso de algum modo, por que não fazer? Tenho certeza que através da minha fotografia vou apoiar muitas causas e sempre valerá a pena”, diz Daiane.

Sobre a experiência especificamente com as pacientes, ela completa que o principal foi garantir que todas se sentissem lindas e confiantes. “Só assim eu conseguiria registrar a emoção delas porque o importante é registrar a essência e não apenas uma aparência”.

Confira a galeria de imagens:

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