Doulas se unem em coletivo para atender grávidas do SUS
A proposta do Matre Coletivo de Doulas é de prestar todo o apoio com um valor acessível para alcançar as mulheres do SUS
As primeiras fotos que ilustram essa matéria são do momento em que a psicóloga Adriele Fernanda se tornava mãe de Aurora. Quem percebe o fundo, reconhece que o local é o Hospital Universitário de Campo Grande. É onde Adriele escolheu para ganhar bebê pelo SUS e contou com o apoio de uma doula durante todo o trabalho de parto, até o nascimento.
Hoje, essas imagens são o anúncio de que é possível, sim, ter uma doula se você estiver fazendo o pré-natal pelo SUS também for ter o bebê pelo sistema. Há pouco mais de três meses, cinco doulas se uniram no coletivo chamado Matre, em prol de partos e nascimentos dignos e respeitosos para todas as mulheres, bebês, casais e famílias.
Formado pelas doulas Tati Marinho, Thalita Dal Belo, Carol Oruê, Pâmela Souza e Marina Souza, a proposta do Matre Coletivo de Doulas é a de prestar todo o apoio com um valor acessível para alcançar as mulheres do SUS, já que no Brasil não há políticas públicas que garantam o acesso ao direito à assistência de uma doula na saúde pública.
"Muitas mulheres que fazem o acompanhamento pelo SUS não conseguem ter essa assistência por questões de valores, e a gente sabe o quanto é importante essa preparação para o parto, o acompanhamento, mostrar a questão dos direitos das mulheres. Isso acaba ajudando a diminuir muito as violências obstétricas e as mulheres a terem uma experiência melhor de parto", explica a doula Tati Marinho.
A ideia desse plano especial para quem faz o acompanhamento 100% pelo SUS também é dar a assistência desde o pré-natal até o pós-parto, garantindo uma atenção humanizada que acaba não sendo oferecida no sistema público. "Como por exemplo o do acolhimento especializado, a formação de uma rede de apoio, o suporte informativo contínuo para essas mulheres, educação perinatal, preparação especializada pro parto e pós-parto, o suporte físico contínuo do trabalho de parto", explica a doula Carol Oruê, uma das integrantes.
O coletivo ainda não existia quando a dona de casa Márcia Fernandes foi para a segunda gestação, mas ela pôde contar com uma doula. Depois de um parto com violência obstétrica do primeiro filho, ela decidiu que o nascimento de Erike seria diferente. As duas gestações foram todas acompanhadas no SUS, e o que difere uma da outra foi o apoio emocional e as orientações recebidas na segunda vez. "Eu não estudei nada quando engravidei do primeiro filho, sofri várias violências obstétricas e, quando engravidei de novo, entrei em um grupo de parto normal e procurei uma doula", conta Márcia Fernandes, de 27 anos.
Ela chegou até a Tati Marinho, uma das doulas que hoje integram o coletivo. "E ela me deu toda a atenção, me muniu de tanta informação durante a minha gestação, sem ela eu não teria conseguido o parto dos sonhos, que foi o parto do Erike, tranquilo do jeito que eu sempre sonhei", descreve.
Diferente do primeiro parto, desta vez ela ficou o máximo de tempo em casa e manteve a calma. "Ter uma doula me trouxe o ponto de paz e calmaria que precisava para que eu e o meu marido tivéssemos calma. Ela nos deu palavras de incentivo, ensinou meu marido a fazer massagens", lembra.
Quando a doula chegou ao hospital, fez Márcia lembrar tudo o que haviam conversado durante a gestação sobre contrações e chegada do bebê. "Em meio ao desespero da dor, ela foi meu ponto de paz. Ela e meu marido, que diferente do parto do Francisco, que ele não quis acompanhar, no do Erike ele foi", detalha a mãe.
Erike nasceu no dia 26 de maio de 2018, com 3.995 kg, de um respeitoso parto normal.
Para acompanhar o coletivo, basta seguir as doulas no Instagram: Matre Coletivo de Doulas. Você também pode entrar em contato pelo WhatsApp: 99646-9065.