Em mostra, estudante responde racismo que sofreu com orgulho de sua identidade
Na exposição "Negro Sob um Olhar Negro", Richard Lima tenta desmistificar preconceitos e empoderar minorias
O estudante Richard Lima, 22 anos, veio de Minas Gerais para cursar Comunicação Social na UFMS. Já no sétimo semestre do curso, ele despertou seu olhar para várias questões acerca de racismo, preconceito, identidade e emponderamento. O resultado de tudo isso é uma exposição fotográfica, intitulada "Negro Sob um Olhar Negro", inaugurada ontem, dentro da universidade.
Em entrevista ao Lado B, Richard conta que nunca havia entendido com clareza todas as questões que permeiam sua existência e seu papel dentro da sociedade. "Apesar de conviver durante minha vida inteira [com o fato de ser negro], eu nunca entendia o porquê de certas situações. Eu não tinha essa consciência", afirma.
Foi com o mundo acadêmico, os estudos e o convívio com pessoas diferentes, de todos os tipos e cabeças, que ele abriu os olhos. "Eu tive todas as respostas aqui dentro. Fui me reconhecendo, tendo mais consciência da identidade que tem dentro de mim", explica.
Richard, que aluno cotista, relata que as situações de preconceito são cotidianas e alguns até podem passar despercebidos pelos olhos menos atentos. "É você entrar numa sala de aula da universidade e só ter você negro. Ou os olhares das pessoas, sempre te olham diferente. Muita gente te subestima, você tem que se provar muito mais, mostrar que também é capaz de estar ali", relata. "É preconceito enraizado. Não adianta fingir que essa discriminação não existe".
Com a exposição, o estudante quer ajudar outras pessoas que também passam pelas mesmas discriminações. "Esse projeto não é só por mim. É pra dar visibilidade e representar outras pessoas que me influenciaram. Meu objetivo principal representar o emponderamento deles todos", explica.
Nas imagens, Richard retratou pessoas do seu cotidiano, entre amigos, conhecidos e outros que conheceu justamente em sua busca para realizar a mostra. "Cada um [foi retratado] na sua individualidade, representados de forma que percebem o poder que têm. Todos são empoderados, tendo consciência disso ou não".
Agora, o estudante espera que o seu trabalho ajude as pessoas a enxergarem e entenderem o preconceito e suas causas, assim como aconteceu com ele próprio. "As pessoas tapam os olhos, não existem tantos projetos voltados para essa questão, e não pode ser assim, tem que ter representatividade", finaliza.
A exposição permanecerá aberta até agosto, a entrada é gratuita, e ela fica na galeria de exposições do curso de Jornalismo, no campus da UFMS de Campo Grande, aberta ao público das 8h às 22h.
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