Enquanto constrói casas, Manuel arruma tempo para criar guitarras
Aos 70 anos, elaborar as chamas guitarras havaianas é sua “terapia” e diversão
Há dez anos, Manuel Joaquim de Lima ficou encantado ao ver uma guitarra havaiana, que costuma ser tocada no colo do músico. Desde então, não tirou o instrumento da mente e, hoje, aos 72 anos, arruma tempo enquanto trabalha construindo casas para criar sua própria versão da “lap steel guitar”.
“Eu sou construtor, mas isso aqui é minha terapia, é o que me faz bem. Você sabe que a gente não pode ficar parado, quem fica parado acaba adoecendo mais cedo e morrendo mais cedo. Então, eu gosto de fazer uma bagunça com ela (a guitarra), resume Manuel.
Tendo crescido no interior de Mato Grosso do Sul, ele explica que começou a trabalhar muito cedo e que, apesar da idade e das dores que chegaram com ela, precisa seguir levantando paredes. A sorte é que, no meio do caminho, conheceu a música.
Antes de pensar em produzir as próprias guitarras, Manuel aprendeu a tocar violão e gostava de animar os cultos. Isso até o dia em que um “irmão” chegou à igreja no bairro Zé Pereira e fez os olhos do construtor brilharem com a tal guitarra havaiana.
“Caiu até lágrima do meu olho porque quando a pessoa faz algo bonito e você se importa, quando ela consegue te tocar, você fica assim”. Depois desse dia, o objetivo era encontrar alguma loja de instrumentos musicais que vendesse o item por aqui.
Depois de rodar a cidade, a resposta foi a mesma: nada de guitarra havaiana em Campo Grande. Era necessário fazer uma encomenda e, claro, pagar bem caro.
A vontade precisou ser deixada de lado até que, um dia, o algoritmo do Facebook indicou um vídeo de instruções para quem quisesse construir sua própria guitarra. Confirmando que o objeto era bastante parecido com aquele visto na igreja, Manuel assistiu ao tutorial inúmeras vezes e começou a colocar tudo em prática.
Primeiro, foi até uma madeireira para escolher qual seria a melhor para uso na base. “Não podia ser uma pesada porque imagina se ela pesa 10 quilos. Como a pessoa vai conseguir levar de um lugar para o outro?”.
Com ajuda dos vendedores, escolheu a madeira caixeta, inclusive por ser maleável de trabalhar. Depois, retornou ao Centro para comprar as peças da guitarra como cordas, tarraxas, captador, cavalete, além dos controles de volume e timbre.
“Essa parte elétrica já vem meio pronta. Com a madeira é que dá mais trabalho porque eu não tenho todos os equipamentos que preciso mesmo. Adaptei alguns com um motor de geladeira para lixar, uso makita também, mas se conseguisse investir, ia ficar bem melhor”.
Mesmo com poucos recursos, Manuel dá seu jeito, tanto que já produziu duas guitarras. E, agora, está preparando uma dupla, em que poderá ser tocada dos dois lados.
Agora, o próximo passo é encontrar alguém que domine as técnicas para tocar o instrumento. “Se alguém se interessar e souber tocar, as guitarras estão aqui. Eu tento, mas não consegui aprender bem a tocar ainda. E se as pessoas quiserem comprar, também posso vender”, completa o construtor.
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