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Comportamento

Família é orgulho de Joel e Juvercina que vivem um amor há 70 anos

Casal do interior da Bahia se mudou para Campo Grande em 1965 para trabalhar e criar os filhos

Idaicy Solano | 14/07/2023 07:26
Juvercina, 95 anos, e Joel, 91 anos, completam 70 anos de casados no dia 3 de agosto. (Foto: Alex Machado)
Juvercina, 95 anos, e Joel, 91 anos, completam 70 anos de casados no dia 3 de agosto. (Foto: Alex Machado)

Há poucas semanas de completar as Bodas de Vinho (70 anos de casamento), é natural para o casal Juvercina de Jesus Gama, 95 anos, e Joel Batista Gama, 91 anos, completarem as frases um do outro. A dupla estava sentada embaixo dos registros da comemoração de Bodas de Diamante para responder as perguntas curiosas da repórter. As paredes da casa, construída pelo casal nos anos 60, são repletas de lembranças e fotos de família.

O segredo para sete décadas de uma relação sólida? A família! Joel e Juvercina criaram os filhos com honestidade, respeito e pé no chão. E foi nos filhos, netos e bisnetos que o casal construiu um pilar forte. A casa que construíram juntos em Campo Grande foi onde criaram 4 filhos, 9 netos, 14 bisnetos e 4 tataranetos.

A casa estava cheia para receber a reportagem, com pelo menos três gerações da família ansiosas para ouvir mais uma vez a história do casal. A alegria contagiante com a qual receberam a equipe reflete o amor, carinho e dedicação na criação dos filhos, resultando em uma grande família unida.

O segredo maior é isso aqui [a família]. Meus netos, meus filhos são um presente que Deus deu para nós. Graças a Deus minha família é unida. meus filhos são uma benção, e meus netos nem se fala”, comenta Juvercina.

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Eles se conheceram na casa dos 20 anos, na Cidade da Barra, interior da Bahia, na lavoura de cana onde Juvercina trabalhava com o pai. Juvercina morava no vilarejo de Lemerão e Joel no vilarejo de Buritizinho. Eles só se viam durante o trabalho, quando tinha demanda para Joel trabalhar na lavoura da vila vizinha.

O casal conta que naquela época os encontros entre casais eram sempre junto da família. Não tinham tantas trocas de afeto ou liberdade. “Era bom dia, boa tarde. No Nordeste, não tinha esse negócio de se encontrar. Não era proibido, mas tinha a ignorância do povo né. Lá a menina podia namorar, mas era sentado um lá e outro cá e com o pai sentado do lado”, relembra Juvercina. “Era casal sentado e a mãe e o pai sentado do lado observando”, completa Joel.

Os dias se passaram e nós estamos por aqui contando história”, diz o casal.

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O  sogro queria que firmasse o casamento logo, mas Joel queria construir uma casa para se mudar com a futura esposa. O aposentado passou cerca de um ano se organizando para conquistar uma casa e estabilidade para construir uma família ao lado de Juvercina. Os dois se casaram em 3 de agosto de 1953.

A cerimônia foi em um galpão na fazenda. Não tinha igreja no vilarejo. O padre vinha de tempos em tempos realizar casamentos e batismos, segundo relembra o casal. Os dois moraram no interior da Bahia até o nascimento do primeiro filho.

Quando o primogênito completou seis meses, partiram para o Paraná, onde trabalharam na lavoura de café do irmão de Juvercina. Dois anos depois, compraram uma chácara em Glória de Dourados, em Mato Grosso do Sul, onde os quatro filhos do casal passaram a infância.

Decidiram se mudar para a Capital em 1965, para buscar melhores condições de criar os filhos. A vida no campo era difícil. As crianças estudaram até o primário no interior, e quando completaram a primeira fase escolar, não teriam como dar continuidade aos estudos. Sem crédito no banco para produzir e sem estudos para os filhos, decidiram ir embora. Joel negociou com o patrão o transporte para a Capital.

Eu trabalhava muito, mas a gente não ganhava muito. O que fazia [na lavoura] só dava para pagar os fornecedores. Ficamos por ali uns 10, 12 anos. A professora deles falou que tinha que ir pra Dourados ou pra Campo Grande para estudarem. Aí eu arrendei a chacrinha e vim", declara Joel.

O casal ao lado dos quatro filhos; família se mudou para Campo Grande em 1965. (Foto: Alex Machado)
O casal ao lado dos quatro filhos; família se mudou para Campo Grande em 1965. (Foto: Alex Machado)

Joel não teve acesso aos estudos no interior da Bahia, então voltou a estudar na Capital, e conseguiu emprego como auxiliar de serviços gerais em uma loja de departamentos. Trabalhou lá 30 anos e nunca parou de estudar e se aprimorar.

Joel foi promovido ao setor de vendas, onde trabalhou com venda de tecidos até se aposentar. Enquanto o marido fazia dinheiro fora de casa, Juvercina contribuía com a renda da família lavando e passando roupa de outras famílias, enquanto criava as crianças.

Após criar todos os filhos, ajudar a criar os netos e conquistar a aposentadoria, o casal deixou a casa que construíram juntos na Capital para a única filha mulher e se mudou para uma chácara a 80 quilômetros da cidade.

Juvercina declara que gosta da cidade, mas prefere ficar na área rural, onde eles vivem uma vida pacífica e pacata. “Lá eu fico à vontade, ele fica à vontade. Minha nora e meu filho mais velho moram lá comigo. Lá é um sossego".

Quadro com fotografias das Bodas de Diamante do casal, quando compeltaram 60 anos de casados. (Foto: Alex Machado)
Quadro com fotografias das Bodas de Diamante do casal, quando compeltaram 60 anos de casados. (Foto: Alex Machado)

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