Flávia abriu as portas de casa para alunos darem vida à cultura terena
Professora decidiu usar aldravia, forma poética brasileira, para alunos se conectarem à arte e literatura
Flávia Guiomar Ferreira da Silva Rohdt nasceu em São Paulo, mas foi em Anastácio que cresceu. Se aproximando das comunidades indígenas, entendeu que seu caminho era na educação. Hoje, depois de tomar essa pauta como meta de vida, foi homenageada nacionalmente por abrir as portas de casa e proporcionar que alunos deem ainda mais vida à cultura terena através da poesia.
RESUMO
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Flávia Guiomar Ferreira da Silva Rohdt, educadora e ativista cultural, tem se dedicado a promover a identidade e a cultura terena por meio da poesia e da arte. Nascida em São Paulo e criada em Anastácio, ela fundou a Academia Brasileira de Autores Aldravianistas Infanto-Juvenil, que reúne crianças e adolescentes terenas, oferecendo oficinas de poesia e práticas artísticas que fortalecem suas raízes culturais. Reconhecida por seu trabalho, Flávia recebeu uma medalha e um certificado da Alacib por mérito educacional. Sua missão vai além da educação, buscando empoderar os jovens indígenas e dar voz às suas tradições e vivências, promovendo a democratização do acesso à arte e à literatura.
“O que me motiva na educação é a crença de que, por meio dela, podemos não apenas transformar a vida dos nossos estudantes, mas também nossa própria vida. A educação, para mim, é uma ferramenta de mudança, de empoderamento e de fortalecimento da identidade cultural”, descreve a professora formada em Letras e Literatura pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
A homenagem recebida por Flávia se liga a várias ações desenvolvidas, mas uma que se sobressai é a coordenação da Abraai (Academia Brasileira de Autores Aldravianistas Infanto-Juvenil) em Anastácio. Isso porque ela decidiu formar a academia apenas com crianças e adolescentes terenas da cidade, além de transformar sua casa na sede.
Antes de contar sobre a história toda, já podemos adiantar sobre a homenagem recebida: uma medalha e um certificado da Alacib (Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil) por mérito educacional devido aos trabalhos desenvolvidos na academia.
E, voltando para a história, Flávia narra que, após a graduação, entendeu a importância de atuar de forma mais intensa com a comunidade indígena. Por isso, fez uma especialização em língua e cultura terena.
Mas foi com a aldravia (uma forma de poesia criada por poetas de Mariana, Minas Gerais) que os rumos realmente foram tomando forma. A professora criou a academia regional em 2019, mas precisou lidar com a pandemia, com a perda de uma amiga (professora Tisa Tati) e com o enfrentamento das queimadas no Pantanal.
Com tantas coisas acontecendo, em 2020, decidiu que precisava trazer esses temas para discussão. “Organizei oficinas com 20 acadêmicos, 10 crianças e 10 adolescentes da aldeia Aldeinha. Eles criaram poesias aldravias bilíngues em português e terena, ilustrando e retratando a tragédia que ocorria em nosso Pantanal. Além disso, os adolescentes produziram telas que integravam a aldravintura e os grafismos indígenas”.
Segundo Flávia, esse foi realmente o pontapé inicial para a academia em Anastácio. Hoje, o grupo já soma quase 30 crianças e adolescentes, entre 8 e 18 anos, que se reúnem mensalmente na casa da professora.
“Nossas atividades incluem oficinas de poesia, narrativas, arte com sementes e outras práticas artísticas, todas com o objetivo de fortalecer a identidade indígena e promover o empoderamento cultural desses jovens. Queremos que eles tenham orgulho de suas raízes, de sua história e cultura”.
Indo para além das paredes de casa, os projetos feitos pelos alunos têm se espalhado até por premiações. Flávia cita a Mostra Fotoaldravica Kixoku Komomoye Terenos em que as aldravias foram expostas. Esse projeto foi finalista do prêmio Arte na Escola Cidadã.
“A nossa missão é, além de promover a arte e literatura, democratizar o acesso a esses espaços, como museus e galerias, empoderando nossos jovens indígenas e preservando suas raízes culturais”, defende a professora.
E, especificamente sobre a homenagem recebida, ela pontua que o significado é coletivo já que envolve o trabalho feito com tanta dedicação e também o impacto sentido na vida das crianças e adolescentes indígenas.
Ao seu lado, ela posiciona todo um grupo de pessoas que ajudam a fazer com que as ações possam ser desenvolvidas. “cacique Vanderson Freitas e lideranças, pais e familiares dos nos acadêmicos e também dos professores parceiros que sempre estiveram comigo nessa jornada: Reinaldo Rohdt, Evelin Hekere, Jessé Nimbu, Lilika e Denise Silva”.
“O projeto que desenvolvo com esses jovens é muito mais do que apenas ensinar ou promover a arte. Ele é sobre dar voz a eles, sobre abrir espaços em que possam expressar quem são, suas tradições, suas culturas e suas vivências de maneira autêntica e respeitosa. Acredito que a educação é uma ferramenta poderosa de transformação e que, ao empoderar essas crianças e adolescentes por meio da arte e da literatura, estamos contribuindo para que eles possam se ver como protagonistas de suas próprias histórias”, completa.
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