Fran é única em festival, mas prova o poder da mulher no churrasco
Ela será a única mulher a participar de evento para assadores neste sábado, no Paraguai
O que começou por necessidade hoje é um trabalho sério para Fransuely Aparecida Barem Guppi, de 30 anos. Garçonete desde os 17, ela resolveu unir a curiosidade por cortes e preparo de carnes à profissão. Os frutos do casamento tímido entre os interesses estão sendo colhidos aos poucos, mas com muita alegria. Fran Barem, como é conhecida no meio, embarca para mais um desafio no próximo sábado (25): ser a única mulher assadeira a participar do Festival de Carnes Asadeada, no Paraguai.
Por ser um meio em que a participação é predominantemente masculina, as poucas mulheres inseridas nas “churrascadas” já ouviram de tudo. Fran explica ao Lado B que, por sorte, nunca foi uma das “escolhidas” quando o assunto é piadas de mau gosto ou ridicularização explícita. Porém, afirma já ter sido vítima de olhares julgadores e questionamentos sobre a capacidade de assar.
“Surgiu esse convite pra assar no Paraguai foi bem surreal pra mim. Uma coisa que era por curiosidade se tornou meu ganha-pão. Comecei a assar carne por conta de um serviço que tinha, trabalhava numa boutique de carne e queria saber mais sobre cortes, técnicas de assar. De absurdo não ouvi nada até agora, mas as cara e bocas que fazem quando coloco meu avental de couro e começo acender o fogo.”
No leque de perguntas que Fran mais escuta estão as indagações incrédulas de “É você que vai assar?”. “O espanto é natural. E ser assadora no meu mundo que é dominado pelos homens é bem complicado. Mas hoje no Brasil já temos várias assadoras e estamos quebrando esse tabu que só os homens podem assar. E eu estou indo para o Paraguai para mostra que lugar de mulher é onde ela ama estar”.
A pressão masculina serve de combustível para a garçonete mostrar que veio para ficar. A resposta é dada em forma de prêmios. Este ano, ela participou do Torneio Internacional de Assadores Ancentrais de Mato Grosso do Sul. O reconhecimento inspira Fransuely a continuar aprendendo. “Me dá mais vontade de trabalhar, mostrar meu trabalho e conquistar meu espaço. Para assar é bem difícil por conta de ser mulher, os contratantes ficam com dúvidas. Dão mais preferência para os rapazes”.
Com apenas três anos no meio, o assunto churrasco sempre foi superficial para Fran, que comenta que antes do Workshop que fez em julho de 2021, sequer sabia acender um carvão. De lá pra cá, a técnica foi melhorando e a vontade em seguir carreira aumentou.
Hoje, os dois filhos, um com 5 meses e outro com 5 anos, são a inspiração da garçonete e motivo de ela continuar tentando. O objetivo: dar melhores condições de vida para os pequenos.
“Tô ansiosa para o dia 25 no Paraguai. Quero dar conforto para eles. Vim de família humilde. E não quero que eles passem pelo o que já passei. Não consegui terminar os estudos pois tive que começar a trabalhar cedo.”
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