Garçom há 49 anos, Natálio leva carteira da OAB na bandeja para filha advogada
Pai entrou com bandeja em auditório para agradecer o esforço da filha e profissão que garantiu a sonhada faculdade.
Filha de pai garçom, a advogada Luana da Silva Malaquias, de 26 anos, comemorou a conquista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de uma maneira especial e comovente. Durante a solenidade de entrega das carteiras, nesta terça-feira (11), ela recebeu o documento em uma bandeja, servida pelo pai, como forma de agradecimento ao esforço da filha e a profissão que garantiu a faculdade.
O momento da entrega foi rápido, durou menos de dois minutos, mas se tornou grandioso pelo significado e simplicidade presente no olhar de pai e filha. Natálio foi chamado pelo cerimonial para entregar à filha a carteira. No palco, recebeu o documento da banca, colocou na bandeja e entregou à Luana. “Minha vida é servir, faço questão de servir minha filha em um momento tão especial da vida dela”, diz Natálio Malaquias, de 69 anos.
A homenagem do pai foi em tom de agradecimento por também ter conseguido, mesmo entre tantas dificuldades, realizar o sonho da filha. “Fiz isso porque ela merece. Eu sei quantas vezes cheguei à noite do restaurante e a encontrei na mesa lendo os livros. Acordava no meio da noite e ela continuava estudando. Sempre deu valor ao estudo”, descreve.
Natálio tem no currículo 49 anos de trabalho, já completou Bodas de Ouro com a bandeja. Começou menino, aos 12 anos, quando saiu de casa para enfrentar a vida sozinho.
Cada detalhe do tempo e da profissão já foi contado com orgulho ao Lado B em 2016, quando Natálio descreveu uma trajetória que daria um livro. Ontem, o pai falou pouco, porque a emoção não deu trégua. “A gente se emociona muito porque é um sonho ver um filho formado e eu tenho muito orgulho de todos os meus filhos”.
Dupla homenagem - Era um desejo de Luana se formar em uma faculdade, mas sonho mesmo era fazer Direito. O amor pela profissão é o que ficou do irmão e advogado Evandro Alex Barbosa, que morreu aos 37 anos, em 2009, vítima de um acidente na BR-262. “No começo da profissão dele eu não entendia muito bem o que era o Direito, mas com o tempo ele me fez ficar apaixonada. Ele dizia que iríamos abrir um escritório juntos”, lembra a advogada.
Por isso, a cerimônia de entrega teve emoção em dose dupla. “É um momento especial ao lado do meu pai, que é tudo pra mim, e também especial pelo meu irmão, porque sei que ele está feliz por mim e estará sempre ao meu lado”, agradeceu.
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