Glauce Rocha inspira peça e deve ser 'referência' para nova geração
Nascida em Campo Grande, Glauce é um dos nomes mais importantes da dramaturgia brasileira
A história da atriz Glauce Rocha inspira um novo espetáculo estrelado e dirigido por Débora Duboc. ‘Glauce’, que segue em cartaz até 4 de outubro no Sesc Copacabana, relembra a trajetória da campo-grandense que morreu precocemente em 12 de outubro de 1971, aos 41 anos.
Apesar da homenagem à atriz ocorrer no palco do Sesc do Rio de Janeiro, a peça é uma oportunidade para a nova geração conhecer a vida de uma das atrizes que se tornou ‘mito’ na dramaturgia brasileira. Nascida em Campo Grande no dia 16 de agosto de 1930, Glauce cresceu longe da terra natal.
Quando tinha cinco anos, o pai foi assassinado e após o ocorrido a mãe a mandou para um colégio interno em Minas Gerais. Dali se mudou para Porto Alegre e posteriormente para o Rio de Janeiro onde estudou no Conservatório Nacional de Teatro. No teatro infantil, a campo-grandense teve as primeiras experiências na arte que a conduziram para as novelas e a televisão.
A estreia profissional dela no teatro veio através da peça ‘Madame Sans Gene’, em 1952. Naquele ano, Glauce dividiu o palco com Alda Garrido com quem voltaria a contracenar em ‘Se o Guilherme Fosse Vivo’. O teletrato foi exibido na extinta TV Tupi também em 1952.
Ainda na década de 1950, a atriz participou de filmes, como Aventura no Rio (1952), Com o Diabo no Corpo (1952), Rua Sem Sol (1954), Rio, 40 Graus (1955), O Noivo da Girafa (1957), Traficantes do Crime (1958), Helena (inacabado) e É um Caso de Polícia (1959).
Entre as obras de destaque, que marcaram a carreira de Glauce, estão: Doce Pássaro da Juventude (1960), Electra (1965), Perto do Coração Selvagem (1965), e Um Uísque Para o Rei Saul (1968), Cinco Vezes Favela (1962), Os Cafajestes (1972), Quatro Mulheres Para Um Herói (1962), Sol Sobre a Lama (1962), O Beijo (1964), Extraordinário (1969), A Navalha na Carne (1970), Roberto Carlos e o Diamante Cor-de Rosa (1970), O Dia Marcado (1970) e Um Homem Sem Importância (1971).
Em 1971, a artista interpretava a personagem ‘Helena’ para a novela Hospital (1971) quando teve um enfarte do miocárdio. A doença foi a mesma que levou a mãe um ano antes. Os jornais da época noticiaram a morte de Glauce como uma consequência do excesso de trabalho.
Ao Lado B, o diretor da Cia Teatro do Mundo, Fernando Lopes Lima, fala sobre a potência artística de Glauce Rocha e a peça que fez inspirada nela. chance da nova geração conhecer a história dela nos palcos.
Primeiro, ele fala sobre a chance da nova geração conhecer a história dela nos palcos de todos os estados. Na visão de Fernando, se existisse uma academia brasileira de atrizes, Glauce figuraria como um dos grandes nomes artísticos do século XX.
“A importância da Glauce Rocha e da nova geração conhecer é a importância de se manter viva em si a história, trazendo pra nós o orgulho de ser sul-mato-grossense ou de sermos brasileiros vivendo no Mato Grosso do Sul. Eu sou carioca, mas tenho muita felicidade de passar pela Calógeras e saber que a Glauce Rocha andou por ali”, afirma.
Para além dos palcos, Fernando destaca como a atriz desempenhou fundamental na luta por direitos trabalhistas e em benefício da classe artística. “Ela ajudou muito, avançamos muito com a Glauce Rocha liderando alguns dos movimentos importantes no sindicato. É uma atriz que viveu pouco, mas com muita intensidade. Então, é muito importante que as novas gerações conheçam a Glauce Rocha e tenham ela como referência de artista, referência de lutadora, referência de mulher sul-mato-grossense, referência de atriz”, comenta.
Em dezembro do ano passado, o diretor da Cia Teatro do Mundo lançou a peça ‘Como Nascem as Estrelas’. Ele traz alguns detalhes sobre o espetáculo, que em breve deverá ser retomado.
“O espetáculo é sobre a Glauce Rocha, sobre a atriz Laura Santoro que é a autora do espetáculo e também com o apadrinhamento das palavras da Clarice Lispector, que foi amiga da Glauce Rocha. [...] Laura Santoro escreve o texto no início da nossa pesquisa a partir do livro do Octávio Guizo e a gente começa a produzir o espetáculo. Minha opinião é que é um dos melhores espetáculos dos últimos tempos na cidade, pela seriedade e pelo caráter de complexidade do espetáculo”, declara.
Depois de oito meses em cartaz, ‘Como Nascem as Estrelas’ deverá ser retomado. “Pretendemos voltar em breve, a gente agora está estudando as possibilidades de viajar pelo Brasil com esse espetáculo”, pontua. Outra homenagem do diretor para a atriz ‘imortal’ foi a inauguração de uma sala na Cia Teatro do Mundo com o nome de Glauce.
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