Há 45 anos, Joaquim leva tronco nas costas em memória ao Exército
Todo camuflado, o homem diz que chega a caminhar 40 quilômetros e virou uma atração na região da Tamandaré
Joaquim Ferreira Custódio, de 68 anos, é uma das figuras mais curiosas que a gente encontrou nos últimos tempos. Há 45 anos, ele caminha camuflado e carrega pedaço de tronco de madeira de mais de 30 quilos nas costas. E nem adianta pedir uma pausa para entrevista. Para arrancar dele sua história, tivemos que caminhar quase 2 km ao lado dele e nem o saltinho que usava naquele dia o fez ter piedade.
Ele diz que é militar da reserva, número 025 e que já foi paraquedista. “Uma vez paraquedista, sempre paraquedista”, diz. Além de toda parafernália que carrega, tem ainda a bandeira do Brasil, que nos últimos anos, virou símbolo do atual presidente, mas ele jura que nada tem a ver com política. “Eu vivo dentro do Exército. Enquanto eu tiver nessa terra, eu sou militar”, diz com admiração.
E assim ele diz que caminha, pelo menos, três vezes na semana para manter a saúde. “Minha idade não permite ficar em casa”.
O rosto pintado de preto, segundo ele, é para se proteger do calor e a folhagem toda na cabeça é para espantar os mosquitos.
No dia da entrevista, ele diz que tinha ido do Bairro Santa Luzia até a Cachoeira do Inferninho vestido daquele jeito e carregando o tronco de madeira. Depois, o encontramos dando volta na região militar da Avenida Tamandaré, endereço onde Joaquim mora há mais de 20 anos.
Natural de Minas Gerais, ele preferiu não entrar em detalhes sobre os motivos que o trouxeram para Mato Grosso do Sul, muito menos em que patente se aposentou no Exército. “Isso eu só respondo perante meu comandante”.
Casado há 40 anos e pai de seis filhos, ele afirma que hoje é pastor da Igreja Pentecostal e o que ganha é para comer e fazer exercício. Questionado se nunca entrevou carregando todo esse peso, ele se gaba da saúde que tem. “Graças a Deus, não tomo remédio nenhum, tenho uma saúde boa e vivo em paz. Eu sou de dormir pouco e comer pouco”, diz.
Joaquim diz que se deita após as 23h e tem como meta levantar todos os dias às 5h. Procura se alimentar somente em casa e tem que ser a comida feita pela esposa.
“Não como na casa de ninguém, não como em restaurante. Só saio para andar e como muito mel de abelha”, acrescenta dizendo que é o que lhe faz bem.
Caminhando três vezes na semana, a quilometragem varia. “Às vezes, caminho 10, 15 ou até 40 quilômetros”.
Com isso, nos últimos anos, ele virou uma atração. “As pessoas param, perguntam, tiram foto”, conta.
Mas nenhuma crítica à rotina abala Joaquim. “Minha missão é pregar palavra de Deus e fazer exercício. Minha esposa acha normal e meus filhos entendem. Para mim, se qualquer pessoa falar e não falar, é a mesma coisa”, finaliza se despedindo e continuando a caminhada sem falar mais nada.
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