Isolada na Inglaterra, Bruna sofreu 15 dias de dor, febre e perda de sentido

Bruna Aggio tem 32 anos, e há 3 deixou Campo Grande para morar em Londres, onde hoje trabalha com recrutamento de profissionais para a Amazon. O vídeo acima foi postado em seu canal do Youtube, onde ela narra os sintomas que o coronavírus trouxe durante os 15 dias em que esteve doente.

Bruna começou a apresentar os sintomas da COVID-19 cinco dias depois de chegar na casa dos sogros, em Peterborough, cidade vizinha de Londres. Ela e o namorado Alex aceitaram o convite para passar a quarentena no interior diante do cenário de caos instalado em Londres no final de março, às vésperas de ser decretado o lockdown. Como ela já estava em home office e vivia o medo de ver faltar o básico nos mercados, fez as malas e partiu de Uber para a cidade que fica a uma distância de 1h30 de Londres.

Antes do isolamento, os sogros tinham ido até Liverpool para um funeral. O amigo que havia falecido não tinha coronavírus, no entanto, o encontro com outras pessoas fez com que eles se contaminassem, e como o vírus não aparece de imediato, só foram se dar conta quando os sintomas começaram a se manifestar.

No vídeo, Bruna conta que o sistema público de saúde da Inglaterra não está fazendo os testes em todos os pacientes que apresentam sintomas, até para evitar que as pessoas saiam. Em contrapartida, criaram um sistema diferente para atender a população em casa, e se necessário enviar uma ambulância.

"Quando chegamos à casa deles estava todo mundo bem, mas depois de três dias o pai do Alex começou a ter febre, dor no corpo e a ficar muito mal. E eles receberam a notícia de que um dos amigos que encontraram no funeral tinha sido entubado por conta do coronavírus", conta Bruna.

Ela sabia que assim como os sogros, ela e o namorado também teriam a doença. "Demora de quatro a cinco dias para começar a manifestar os sintomas. Esse é o problema do corona, porque você pode ter e só vai saber depois. Você acha que está bem e aí que é quando passa para os outros e o vírus prolifera, e foi o que aconteceu", explica.

"Depois de alguns dias começamos a ter sintomas, num sábado à noite apresentei numa febre, muita dor no corpo. Febre que você treme e fica com o corpo todo dolorido".

Em meio à febre, a dor no corpo, o cansaço, dor no peito, Bruna só não teve falta de ar, mas sentia o peito pesado para respirar e uma dor na lombar como se tivesse pressionando. "Era difícil para respirar neste sentido, e uma dor de cabeça no fundo dos olhos, muita dor nessa parte, e eu senti por vários dias", diz no vídeo.

Diferente de uma gripe normal, ela relata que os sintomas são muito intensos e vários ao mesmo tempo. "Não tem nenhum momento de não se sentir mal". O namorado chegou até a delirar de tanta febre.

Enquanto sentia os sintomas, Bruna ainda acompanhava as notícias. "Você sabe que as pessoas não conseguem respirar, você está sentindo aquele peso no peito, vem esse medo. É assustador neste sentido. Depois de três, quatro dias de corona, você percebe que o negócio é sério e não é qualquer gripe".

No oitavo dia da doença, a febre deu lugar a dor no peito, e nos dias subsequentes, eram dores somadas ao fato dela não sentir cheiro nem sabor de nada. A perda de olfato e paladar ainda acompanha a jovem.

No vídeo ela explica que o intuito não é o de causar polêmica nem assustar, mas dizer que isso é real. "É uma gripe muito forte, eu me recuperei, mas não tem como saber como cada um vai reagir. Cada um tem um tipo de organismo e imunidade, a melhor coisa a fazer é evitar".

No canal de Bruna, criado quando ela ainda morava no Brasil, as primeiras postagens eram como hobby sobre cabelo e maquiagem, mas com a mudança, ela passou a narrar a vida em Londres e suas impressões.

Entre os últimos vídeos, está este do corona, em que relata para informar amigos e familiares e também alertar. Hoje, tanto ela como o namorado e os sogros estão bem. Nenhum deles precisou ser internado.

"Aqui é muito palpável o coronavírus. A gente está vendo acontecer ao redor, não é distante, não é coisa que você só vê na televisão. Não está como a Itália, mas é bem assustador. Teve um dia que tiveram mil mortes. O lockdown foi adiado e não tem nem previsão de quando vai passar".