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Comportamento

Já que é para ficar em casa, vamos ensinar os idosos a usar aplicativos

O Uber e o iFood podem ajudar aquele vovô ou vovó teimoso que não vê a hora de sair para bater perna no mercado ou andar de ônibus

Danielle Errobidarte | 09/04/2020 09:54
Em cursos gratuitos, idosos aprendem a usar computador e navegar na internet. (Foto: Arquivo Pessoal/Bruno Carvalho)
Em cursos gratuitos, idosos aprendem a usar computador e navegar na internet. (Foto: Arquivo Pessoal/Bruno Carvalho)

Todo mundo tem aquele avô, avó ou pai e mãe que faz parte do grupo de risco, mas vive arrumando uma "desculpinha" para sair de casa, nem que seja para comprar pão no mercado. Já que eles não podem sair, ensiná-los a usar aplicativos no celular de delivery ou de mobilidade, como iFood e Uber, facilita a vida e evita que eles saiam por aí batendo perna ou, pior, andando de ônibus.

Em Campo Grande existem pelo menos três grupos de voluntários que ensinam idosos a utilizarem computador, celular e navegar pela internet, tudo de graça. Mas no período de quarentena, as aulas presenciais estão suspensas, então um desses voluntários, Lucas Oliveira preparou dois vídeos ensinando a instalar, abrir e utilizar os principais aplicativos.

Veja abaixo o tutorial com o iFood, para pedir comidas por delivery, e como chamar um carro particular pelo Uber:



Lucas faz parte do projeto Universidade Aberta à Pessoa Idosa (UNAPI) da UFMS e cursa Engenharia de Sotware. Junto a outros três alunos voluntários, eles ensinam idosos a partir de 60 anos a navegar pela internet e conhecer as peças do computador. “A turma do semestre passado tinha 42 alunos e desse último, 30. O curso é aberto à comunidade e voltado para alunos com zero intimidade com computadores”, afirma.

Segundo Lucas, o objetivo do curso é aproximar os idosos com a informática e ensiná-los a usar e-mail, editar texto, quais são as ferramentas mais usadas e até como se proteger de vírus e ameaças online. “A gente busca garantir a independência digital deles. Abordamos também algumas formas de aprender outras habilidades usando o computador e, assim, dar continuidade ao aprendizado deles, em casa”.

A UCDB também possui um programa voltado ao ensino de informática para idosos, a Universidade da Melhor Idade (UMI). A professora do curso Andressa Meneghel afirma que escutava dos alunos que gostariam de aprender, mas pessoas da família não tinham paciência para ensinar. “Sempre disse a eles que, assim como qualquer outra atividade, é com a prática de todo dia que vai ficando mais fácil. Então minhas aulas são sempre como fazer, passo a passo”.

Conforme a professora, no curso é ensinado como escrever um texto no Word, como fazer pesquisas no Google e até como criar um e-mail. Ela ressalta que, no período de quarentena, a compreensão da família facilita o relacionamento com eles e o aprendizado. “Uma coisa importante é lembrar que, com paciência, os familiares podem ajudar os idosos a manusear um computador ou usar os aplicativos de celular. É um jeito de ajudar a passar o tempo para eles”.

Com o que aprenderam, a turma já fez até um grupo no WhatsApp, onde se comunicam diariamente. Mesmo os que já concluíram o curso, recorrem à professora quando surgem dúvidas. “Entre um intervalo e outro sempre atendi alunos com dúvidas de como usar aplicativos. Na turma desse ano todos tem o WhatsApp e formamos um grupo para manter contato. Outros não fazem mais as minhas aulas mas sempre conversam comigo pelo aplicativo”.

Na Fundação Manoel de Barros, em parceria com a Uniderp, 27 idosos fazem parte do projeto Ativa Idade. As aulas de informática são separadas em três módulos: conhecendo a máquina (teclado, mouse, digitação e pastas), internet (pesquisa, notícias, youtube e livros) e redes sociais (facebook e até Pinterest). Para os aparelhos celulares, é ensinado os aplicativos, fotografia e dicas de segurança para não cair em golpes ou Fake News.

O professor Bruno Carvalho explica que, no período de quarentena, eles não deixaram de ter aulas. Os conteúdos são gravados e enviados aos alunos com exercícios. Segundo ele, a principal dificuldade dos alunos é com a digitação. “A ferramenta que mais explico são as acentuações. Tivemos que fazer várias aulas explicativas e reforçar bastante o conteúdo”.

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