Jante com desconhecidos e veja que Campo Grande não é tão chata assim
Como um aplicativo está transformando a forma de fazer amigos em Campo Grande
Lidar com algumas pessoas em Campo Grande pode ser um desafio, considerando especialmente a fama dos campo-grandenses de serem um pouco reservados, para não dizer chatos. Para muitos, fazer novas amizades já é uma tarefa difícil, e a ideia de se arriscar a um jantar com estranhos pode parecer ainda mais intimidadora. No entanto, o Lado B decidiu viver essa experiência oferecida pelo aplicativo Timeleft, uma espécie de Tinder gastronômico que promete não apenas pratos deliciosos, mas também novas conexões.
O aplicativo não tem foco em relacionamentos amorosos; sua proposta é simples: junte-se a até seis pessoas desconhecidas para um jantar, onde a boa comida e a conversa são protagonistas.
Antes de baixar o app e comprar o ingresso, que custa R$ 39,90, exploramos relatos de quem já participou. As experiências variaram de noites agradáveis a momentos desastrosos, o que despertou ainda mais curiosidade sobre como os campo-grandenses, conhecidos por sua chatice, se sairiam em um evento como esse.
O processo de cadastro no aplicativo exige informações sobre suas preferências gastronômicas e de entretenimento, além do valor médio que costuma gastar em uma noite. Essas informações ajudam o aplicativo a conectar você com pessoas que compartilham interesses semelhantes. O jantar acontece toda quarta-feira às 20h, mas o restaurante só é revelado algumas horas antes do encontro.
Vale ressaltar que o Timeleft não se responsabiliza por despesas: ele apenas reserva a mesa no restaurante escolhido, e cada participante arca com o próprio consumo. Por isso, é importante se preparar financeiramente para aproveitar a noite sem preocupações.
Descobrimos que nosso jantar seria em um restaurante no Jardim dos Estados. O aplicativo revela apenas as áreas de atuação dos participantes e seus signos, o que já gera uma boa dose de curiosidade.
Fomos os primeiros a chegar e, para não ficar na mesa reservada, optamos por sentar no bar e observar os que chegavam. Após a chegada dos convidados, o clima inicial foi de curiosidade: conversas clichês sobre trabalho, idade e a razão de estarem ali. Uma coisa era unânime: todos queriam saber como era jantar com estranhos. Para aqueles que têm dificuldade em fazer amigos, a experiência se mostrava uma boa alternativa.
A faixa etária à mesa variava entre 27 e 33 anos, e o bate-papo fluiu entre um bacharel em Direito, filho de um político conhecido, uma engenheira agrônoma e dona de fazenda, e um doutor em Administração, apaixonado pela pesquisa. Cada um tinha sua história: a engenheira se divide entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a trabalho e sente falta de boas conversas; o doutor, por sua vez, percebeu que fazer amigos após os 30 não é fácil e viu no aplicativo uma oportunidade interessante.
O aplicativo, de fato, é uma ótima forma de mostrar que Campo Grande não é tão chata assim e que há muitas pessoas dispostas a compartilhar bons momentos. O jantar tinha duração prevista de duas horas, mas, com quatro curiosos que não paravam de conversar, acabamos ficando mais de três horas e fomos os últimos a deixar o local.
Em certo momento, descobrimos outra mesa vivendo a mesma experiência, mas com uma faixa etária diferente. Tentamos nos unir, mas percebemos que a nossa mesa já havia tomado uns drinks a mais, e a conversa não fluiu entre todos. Cada grupo, então, seguiu com suas próprias histórias.
A conversa percorreu temas variados: de política a romances desastrosos, e até noitadas em swing. Todos estavam genuinamente interessados em ouvir uns aos outros, criando um clima de descontração. Uma dica valiosa que fica é não exagerar na bebida, para não acabar revelando demais logo no primeiro encontro. Afinal, a presença de um fofoqueiro na mesa poderia ser um imprevisto!
Entre risadas e histórias, desbloqueamos um jogo do aplicativo com perguntas que geraram discussões profundas. Apenas um dos participantes, Maurilio Barbosa, doutor em Administração, aceitou compartilhar sua experiência conosco.
"Quando fui para o encontro, não sabia muito bem o que esperar. Pensei que seriam aquelas conversas iniciais típicas de quem dá um match no Tinder", contou Maurilio. "Mas o encontro me surpreendeu positivamente. O assunto fluiu desde o início, e foi aquele tipo de conversa em que você não sabe como um tema começou, mas está tão envolvido que não se importa."
Ele continuou: "Acho que experiências e histórias para contar nunca são demais. Quando soube do aplicativo, tinha certeza de que era algo que eu queria vivenciar. No dia do encontro, confesso que bateu uma preguiça, mas já tinha falado tanto sobre isso para meus amigos que não podia decepcioná-los."
Maurilio deixou duas dicas importantes: "Entenda que a proposta do aplicativo não é de pegação, mas sim para fazer novos amigos. E confie no algoritmo. Ele funcionou muito bem com o nosso grupo. Seja honesto nas suas respostas, e não tente ser alguém que você não é".
Sem dúvida, a experiência com o Timeleft mostra que Campo Grande tem muito a oferecer em termos de boas conversas e novas amizades, provando que, com um pouco de coragem, é possível quebrar barreiras e se surpreender com o desconhecido.
No nosso caso, o algoritmo foi tão certeiro, que a gente já conheceu a casa de um deles e formamos até um grupo no WhatsApp.
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