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Comportamento

José partiu, mas memórias dos 32 anos de casados mantêm amor vivo

Há cinco anos, Rita assistiu marido partir devido a um câncer no sistema nervoso central

Por Natália Olliver | 11/11/2023 07:21
Registro do csamento de Rita e José Luiz, em 1988 (Foto: Arquivo pessoal)
Registro do csamento de Rita e José Luiz, em 1988 (Foto: Arquivo pessoal)

Trinta e dois anos juntos, três filhos e um neto. Esse foi o resultado da união de Rita de Cassia, de 55 anos, com José Luiz. Se um câncer no sistema nervoso central não tivesse interrompido a vida dele, hoje, ele teria 62 anos. A partida aconteceu em 2018, após um longo período de internações e sofrimentos. O último suspiro foi dado nos braços do filho mais velho, Ewerton Luiz, de 36 anos. A doença pode ter levado o marido, mas as lembranças dos anos juntos são relíquias para a esposa que compartilha um pouco com o Lado B.

O casal se conheceu em 1986. Rita trabalhava com o irmão de José em um banco de Campo Grande. Em maio daquele ano, eles combinaram de se encontrar na saída do cursinho objetivo Dom Bosco. Não demorou muito para que o namoro acontecesse. Mais tarde, em julho, Rita decidiu terminar o relacionamento, porém, recebeu um buquê de flores no trabalho e reatou com José. Pouco tempo depois, ela engravidou do primeiro filho.

“Decidimos casar, pra mim não foi fácil, por ser filha única de pais separados, minha mãe quase me matou. Tudo deu certo e casamos no civil dia 7 de novembro e no religioso dia 8". Na época, Rita tinha 18 e José 25 anos. Em 1990, o casal engravidou novamente. “Terminei a faculdade de administração com dois filhos. Como todo casamento, existiram tempos bons e ruins, mas sempre buscamos o melhor, tanto que em 1997 nasceu a minha última filha. Nosso sonho”.

A vida seguiu um curso tranquilo para o casal até que aos 40 anos José descobriu que era diabético. Segundo Rita, a notícia foi um baque para o marido, que assistiu os pais faleceram em consequência da doença. Em 2017, José machucou o dedo mindinho (dedinho do pé) e precisou amputar o membro. Um ano depois, ele deu entrada no hospital com fortes dores de cabeça. O diagnóstico foi assustador para o casal: tumor no sistema nervoso central.

“Infelizmente, depois de mais de 15 dias com dores insuportáveis na cabeça, foi feita uma tomografia e descobriu um tumor agressivo de 4 cm. Desde então, começou o martírio, internação, cirurgia, volta pra casa. A pessoa já não sabe mais falar, tem perda progressiva da coordenação dos membros inferiores".

Última viagem de José com a família (Foto: Arquivo pessoal)
Última viagem de José com a família (Foto: Arquivo pessoal)

Durante o período em que José ficou debilitado, os cuidados eram feitos por Rita e pela família. "Eu dava os remédios, comida, tinha que fazer toda higiene dele, porque ele não andava mais. Eu era a única que conseguia porque os filhos não tinham estrutura. Ele voltou para o hospital e a cada dia ia perdendo um pouco mais da fala e consciência”.

O tumor chegou a ser removido, mas rescindiu, ou seja, voltou, e dessa vez mais agressivo. Segundo Rita, a filha caçula, Cássia Vitória, de 26 anos, nunca deixou de visitar o pai, que tinha como seu melhor amigo.

“Quase três meses de sofrimento em ver um ser humano tão trabalhador, honesto, grande pai, marido, dia a dia perdendo a batalha. Ele deu seu último suspiro nos braços do primeiro filho que foi o responsável pelo início da nossa história. Estávamos completando 32 anos de casados no religioso e ele se despediu desse plano.”

A relação com os filhos sempre foi boa. O menino do meio, Carlos Eduardo, de 33 anos, nasceu no mesmo dia que o pai fazia aniversário, eles eram parceiros de confissões. A opinião do pai foi levada em consideração até na compra do primeiro apartamento. Durante os cuidados paliativos, ele também dormia ao lado de José e revezava as visitas com os irmãos e com a mãe.

Quem também teve papel importante no período foi o genro Ygor Marcelo, de 29 anos e cunhada, Maria Aparecida. "Ele foi um genro maravilhoso para meu marido . E um genro maravilhoso para mim. Um esposo, pai e cunhado sem ter que colocar defeitos".

Filhos de Rita e José, Ewerton, Carlos e Cássia no colo (Foto: Arquivo pessoal)
Filhos de Rita e José, Ewerton, Carlos e Cássia no colo (Foto: Arquivo pessoal)

Aceitação

De acordo com Rita, a aceitação da morte veio aos poucos, mas foi determinada por Deus. “Eu aceitei bem porque ele iria vegetar e não merecia ser a pessoa que era. Sinto muito a falta dele, das implicâncias. Ele era uma pessoa que estava ao nosso lado para o que der e vier. Agora, infelizmente a pessoa que ainda não conseguiu aceitar essa separação é a minha filha. Ela era muito ligada a ele”.

Depois de 11 anos como bancária, hoje a confeiteira ressalta que está sozinha e não pretende se casar novamente.

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