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Comportamento

Karatê Kid? Aos 65 anos, Shihan Marcos é o “senhor Miyagi” de MS

Professor conheceu o karatê aos 25 anos e hoje, aos 65, tem sua academia na Vila Nogueira

Aletheya Alves | 15/03/2022 07:32
Marcos Antônio Alves Ribeiro é professor de karatê há mais de 20 anos. (Foto: Aletheya Alves)
Marcos Antônio Alves Ribeiro é professor de karatê há mais de 20 anos. (Foto: Aletheya Alves)

Tendo assistido à série de filmes Karatê Kid, é impossível não lembrar do senhor Miyagi quando Marcos Antônio Alves Ribeiro aparece com seu kimono. Em sua academia, o shihan (mestre) dá aulas de karatê gratuitamente há mais de duas décadas e segue treinando diariamente aos 65 anos.

Defensor intenso do esporte, Marcos conta que aos seus 25 anos, se apaixonou pelo karatê. Na época, ele havia se mudado para Campo Grande e a curiosidade para encontrar uma arte marcial para treinar havia ficado intensa.

Antes, eu morava em Sidrolândia e, às vezes, alguns lutadores iam para lá. Quando vim para Campo Grande, fui atrás de encontrar alguma academia, mas não fui aceito na época, porque não abriam vaga para qualquer pessoa. Foi por me acolher que o karatê ficou na minha vida”, conta.

Desde então, o professor se dedicou a evoluir nas etapas do karatê até conseguir começar a dar aulas. Na época, ele trabalhava em uma academia de um professor, mas queria mesmo abrir seu próprio espaço.

Ele narra que na época, o karatê era um esporte elitizado e não se aproximava das margens da cidade. Foi assim que, quando pôde, criou um espaço na Vila Nogueira, “aqui sempre foi muito complicado com crime, então, a gente quis criar no bairro mesmo. Começamos com uma sala pequena e depois, com ajuda dos próprios alunos graduados, conseguimos aumentar e renovar tudo”.

Troféis recebidos por alunos durante campeonatos de karatê. (Foto: Aletheya Alves)
Troféis recebidos por alunos durante campeonatos de karatê. (Foto: Aletheya Alves)

Dificuldades e sequelas

Garantindo que o caminho até 2022 não foi tranquilo, o professor diz que assim como ajudou muitos alunos, foram eles que o motivaram a não desistir em momentos difíceis. Quando já tinha criado a academia, ele estava aumentando o espaço e sofreu uma queda do telhado.

Além de fraturas na coluna, o acidente deixou sequelas na memória de Marcos, que continuou encontrando no karatê a vontade de se recuperar. “Meu corpo sofreu muito, fiquei todo engessado por mais de dois meses e minha memória foi embora. Eu lembro de coisas da minha infância, mas dos meus filhos, por exemplo, não consegui recuperar”, detalha.

O shihan conta que devido às dores físicas e emocionais, pensou em desistir de dar aulas, mas seus alunos o convenceram de continuar. Enquanto ainda tentava reaprender a viver, foram eles e sua família que incentivaram o recomeço.

Fico feliz por não ter desistido, tanto porque sei que a comunidade precisa das aulas quanto porque também me faz bem”, comenta.

Saúde em dia

Marcos diz que hoje não consegue se imaginar deixando a prática de lado. Para o professor, o karatê se tornou seu estilo de vida e quase tudo é resolvido com a arte marcial.

“Eu tenho algumas dores e ao invés de me entregar a tomar vários remédios, vou fazer alongamentos e treinar. Treino todos os dias e sei que isso é o que me ajuda, então, vou continuar com as aulas até quando conseguir.”

Além de pensar na saúde própria, o professor argumenta que seus alunos aprendem a viver conforme os ideais do karatê, melhorando a saúde física e mental. “Conseguimos melhorar isso nas pessoas, independente da idade. Eu digo que faço a karaterapia, porque melhoramos a nossa condição física, nossa autoestima e modo com que lidamos com outras pessoas.”

Associação Ribeiro de Karatê funciona na Vila Nogueira. (Foto: Aletheya Alves)
Associação Ribeiro de Karatê funciona na Vila Nogueira. (Foto: Aletheya Alves)

Projeto social

Em vigência, a Associação Ribeiro de Karatê funciona na Rua Bom Jesus, número 584, Vila Nogueira. De acordo com Marcos, pessoas de todas as idades podem participar das aulas já que o objetivo é ajudar a comunidade.

Orgulhoso das ações, ele comenta que diversos de seus alunos não tinham nem mesmo o que comer em casa e, com ajuda do projeto, conseguiram se manter na escola. “Tenho vários alunos que estão na faculdade e hoje, nos auxiliam aqui. Nossa última reforma foi feita por graduados que se reuniram para isso.”

Para conhecer mais sobre o projeto, o professor indica aos interessados irem até o espaço ou entrarem em contato pelo número (67) 99182-4774.

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