Kauan “nasce de novo” com transplante da própria medula que “pegou”
Paciente venceu desafios do câncer e conseguiu passar de ano no curso de direito durante luta contra doença
A última quinta-feira (4) não foi um dia qualquer para a família de Kauan Oliveira da Silva Rosa, de 20 anos. Foi dia de alta hospitalar após mais de um mês de internação no Hospital da Cassems, em Campo Grande.
O estudante de direito conseguiu voltar para casa após passar por um transplante autólogo de medula óssea, procedimento em que medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado (receptor). Este é o sexto procedimento realizada na unidade hospitalar desde que foi autorizada a realizar transplante, em 2022.
O jovem mora em Dourados e foi diagnosticado há pouco mais de um ano com linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, responsável pela produção das células de imunidade.
“Foi um tempo longo para gente descobrir o linfoma, desde o começo dos sintomas até o diagnóstico, levou uns seis meses. Eu sentia febre, mas os exames de sangue davam normais, aí depois de um exame de imagem e uma biópsia, eu descobri o linfoma, aí já começamos o tratamento com a quimioterapia. Eu fiquei imunossuprimido, a imunidade foi lá embaixo. Meu pai, minha mãe, minhas avós, foram importantíssimos para que eu chegasse até aqui", disse Kauan.
Para a hematologista e responsável pelo setor de transplante de medula óssea do Hospital Cassems de Campo Grande, Soraya Romanini, o bom humor do paciente durante a internação colaborou muito para o êxito da "pega" da medula.
"Todo tratamento quimioterápico que ele havia feito previamente não tinha surtido efeito necessário para que ele tivesse a desejada cura, então ele teve que passar por esse transplante de medula óssea autólogo e felizmente correu tudo bem. Ele teve hoje confirmada a pega da medula e está recebendo a sua alta hospitalar. O Kauan foi um paciente que nos cativou muito, pelo bom humor que ele teve durante o tratamento, colaborando para que tudo desse certo", explicou Soraya.
O jovem é um exemplo de persistência e vontade de viver. Mesmo em tratamento contra a doença, ele manteve os estudos. “Eu não queria largar minha faculdade, eu ia quando podia, fiz acordo com os coordenadores e com os professores, quando estava melhorzinho, fazia provas, apresentava seminários, mas em nenhum momento cogitei trancar minha faculdade, não à toa passei e vou agora para o terceiro ano".
Nos 35 dias que ficou internado, Kauan teve a companhia do pai, Márcio da Silva Rosa, policial militar, de 44 anos, que disse estar muito feliz com o segundo nascimento do filho. "É claro que um pai nunca quer passar por uma coisa dessa, quando o filho está doente, a gente sofre dobrado. Um sentimento de impotência, mas eu sempre procurei ficar do lado do Kauan, dar o suporte que ele precisava e durante esse tempo, nessa caminhada longa, de mais de um ano, parece pouco, mas para quem está sofrendo é muito, a gente tenta dar todo o apoio nessa caminhada”, relembrou.
Durante o período de internação, a família passou por momentos complicados. “Foi difícil, mas eu tinha que passar para ele que dava. Estou muito feliz, agradecer a Deus e como eu disse aqui para o pessoal, eu estava presente quando ele nasceu e estou presente agora no renascimento dele, que de hoje em diante começa uma nova vida e eu vou estar sempre com ele".
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