Lápides com homenagem chamam atenção e revelam história trágica de 1944
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A história com certeza marcou a vida de muitas pessoas na década de 40, mas deu trabalho para ser recuperada agora. Um conjunto de seis lápides, em mármore negro e com uma homenagem feita pela Base Aérea de Campo Grande em destaque, chamou atenção de um visitante no cemitério Santo Antônio. Curioso sobre a história que ali poderia ser revelada, o advogado Samuel Carvalho Junior, de 51 anos, pediu ajuda ao Lado B.
Ele conta que há 15 dias foi a um sepultamento e viu as lápides. “Depois do enterro, resolvi dar um volta porque em outros lugares do mundo, cemitérios são pontos turísticos da cidade. E o que chamou atenção foi ver seis pessoas no mesmo local e com a mesma data. Na hora pensei: Será que foi um acidente?”, comenta o advogado.
As lápides levam os nomes de 6 homens que faleceram em 11 de março de 1944. Sem respostas do que teria acontecido, foi na administração do cemitério que as primeiras informações vieram à tona.
Os registros esclarecem que o jazigo pertence à Base Aérea de Campo Grande e dão uma pista importante sobre o que ocorreu naquele dia, há 72 anos. Segundo o documento, os 6 morreram atingidos por um raio.
O próximo passo não garante muita evolução nessa busca. Na Base, não há nenhum registro histórico, nenhuma informação do episódio que matou os trabalhadores, todos com ofícios ligados à Construção Civil. A assessoria procurou, procurou e não encontrou nada.
Nesta hora é que a preservação da história mostra seu valor. Só nos arquivos de Jornal do Comércio, diário da época, disponível na ARCA (Arquivo Histórico de Campo Grande), é que finalmente encontramos a manchete: “Sete mortos e 17 feridos no desastre de hoje”
O caso - Em 11 de março, sete famílias perderam Manoel de Arruda, Teófilo de Oliveira, Carlos Gonçalves, João da Silva, Dario Felix, Manoel Nunes Macedo e José Batista Costa.
O jornal não cita, mas nos registros do cemitério ainda aparece José Ferreira da Silva como outro morto. Os dois últimos não foram sepultados com o grupo dos 6 porque as famílias tinham jazigos próprios.
A reportagem relata que os operários voltavam do almoço para o trabalho, nas obras da Base Aérea, que ainda estava em construção, quando uma “faísca elétrica” atingiu o local onde estavam, matando os trabalhadores e deixando ainda 17 pessoas feridas.
Conforme a notícia, o desastre causou comoção em Campo Grande. A matéria é breve, fala apenas que o comandante e o chefe de obras tomaram medidas para realizar o transporte dos corpos e prestaram apoio às famílias.
Passados 72 anos, as lápides continuam bem cuidadas. Francisco Alves da Silva trabalha no cemitério há 28 anos, e diz que Samuel não foi o único a prestar atenção na data e nos 6 mortos do Santo Antônio. “A gente só ouviu falar que foi um acidente, mas nunca soubemos da história real. Até hoje os parentes visitam" diz.