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Comportamento

Lineu acreditou que fruta só nasceria após 100 anos, mas teve surpresa

Há mais de 50 anos, Lineu ganhou três mudas da árvore, mas só uma resistiu e hoje dá frutos

Aletheya Alves | 05/01/2023 06:10
Lineu ganhou muda do irmão há mais de 50 anos e já colhe as frutas. (Foto: Arquivo pessoal)
Lineu ganhou muda do irmão há mais de 50 anos e já colhe as frutas. (Foto: Arquivo pessoal)

“Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”, já ouviu esse ditado árabe? Sem uso de maquinários, seu Lineu Borges, morador de Rio Brilhante, acreditava no ditado, mas conseguiu plantar, colher e comer as frutas antes dos 100 anos.

Integrando a narrativa das tâmaras, a história era de que um jovem havia perguntado para um senhor o motivo de plantar as frutas sendo que não iria colher. Respondendo, o senhor respondeu que se o pensamento fosse aquele, ninguém comeria tâmaras.

Sabendo que as frutas demorariam para surgir no quintal, Lineu, de 80 anos, conta que plantou a muda há mais de 50 anos. “Na frente da casa em que meu irmão morava havia uma tamareira muito alta. Eu sempre ouvia muito essa história, ela tinha sido plantada pelo Kali, que era um árabe que morava aqui na cidade e deixou descendentes”.

Como relembra Lineu, a tamareira teria, no mínimo, 130 anos caso ainda existisse, mas devido à evolução da cidade o que restou foram as mudas. “Quando deram as primeiras tâmaras dela, meu irmão plantou e conseguiu fazer as mudas. Nessa época, ela já era uma palmeira muito alta”, diz.

Tâmaras ficam amarelas e são lembrança de história antiga da cidade. (Foto: Arquivo pessoal)
Tâmaras ficam amarelas e são lembrança de história antiga da cidade. (Foto: Arquivo pessoal)

Na época, a palmeira ficava próxima à Rua Benjamin Constant, a principal da cidade, e por ser muito alta começou a se tornar um perigo. “Então ela foi cortada e ficaram só as mudas. Meu pai ganhou quatro do meu irmão e eu recebi três. Das minhas, só uma resistiu e é essa que deu frutos”, conta.

Contrariando o dito, seu Lineu explica que teve a sorte de experimentar a fruta direto de seu pé antes mesmo de chegar aos 80 anos. Por não ter experimentado uma fruta “original”, ele diz que não sabe garantir se o gosto é próximo ou não.

“Eu só experimentei aquelas desidratadas, mas as minhas são bem diferentes. Elas não são doces, mas tem um sabor muito específico. É algo que nunca comi parecido”, diz Lineu.

Já com seus mais de 50 anos, agora a fazenda que era sua já é de seu filho, André Nogueira Borges, diretor-presidente da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural). E ao invés de deixar a palmeira apenas como herança, o pai explica que já conseguiu aproveitar junto com a família.

“Eles não vão precisar ter muito trabalho para cuidar porque ela já cresceu o que precisava. Agora, o único perigo é alguma peste que pode se espalhar, mas eu mesmo nunca tive um manejo específico. Coloquei em uma parte arenosa da fazenda e ela está lá até hoje”, completa Lineu.

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