Luiz volta à infância e faz brinquedos de madeira que aprendeu com o pai
Ele fazia os próprios carrinhos para brincar com o pai Sebastião, nos fundos da casa onde moravam
Luiz Carlos Araújo, 54 anos, resolveu voltar à infância e agora faz os brinquedos de madeira que aprendeu com o pai, Sebastião. “Ele era serralheiro e eu praticamente nasci dentro de uma serraria, inclusive fazia meus próprios carrinhos. Ele me ensinou a técnica, pois brincávamos juntos no quintal da casa onde morávamos”, lembra.
Na época, Luiz tinha 8 anos e adorava passar o tempo ao lado do pai. “O terreno da casa era de terra e tinha muitas árvores. A gente fazia as estradas no chão, construíamos posto de gasolina e casinhas no caminho e ficávamos a tarde toda se divertindo”. Quando fala em Sebastião, o filho fica até sem palavras. “Ele era uma maravilha. Sempre fomos unidos e nem sem expressar tanto carinho”.
Quando completou 13 anos, mudou-se com a família para São Paulo, onde teve que deixar os brinquedos de lado para trabalhar numa gráfica. “Fiquei mais de 20 anos lá, depois perdi o emprego e vim pra Campo Grande. Aqui trabalhei em frigorífico e fábrica de plástico, mas precisei me aposentar com 49 anos porque machuquei os ombros. Deu desgaste nos ossos. Não posso mais fazer força”, conta.
Apesar de receber o benefício do INSS, ele queria fazer algo para complementar a renda em casa e recebeu um pedido especial. “Meu sobrinho pediu para fazer um barco de madeira, resolvi construir e, nessa brincadeira, quando terminei saiu uma bela caravela. Ficou tão bom que guardei e fiz outro para dar a ele”.
Ver aquele barco de madeira trouxe a sensação de nostalgia e fez a saudade bater forte. “Meu pai faleceu há mais de 20 anos, mas as lembranças ficaram na memória. Fiz mais brinquedos e quando percebi já estava com uns dez, entre carrinhos, barcos e aviões. Quis dar continuidade ao que me ensinou, é coisa de família. Esse trabalho tem sido minha distração”, afirma.
A partir daí, ele aperfeiçoou as técnicas para melhorar o acabamento dos brinquedos. “Meu pai mostrou como fazer os cortes, mas tive que treinar mais e com o tempo peguei prática. Uso madeira reciclável que sobra em marcenaria e caixotes de mercados. Tenho os pontos certos e meus amigos marceneiros me avisam quando têm”, relata.
Luiz fez a carteirinha de artesão para vender os brinquedos e improvisou uma oficina nos fundos da casa onde mora, para trabalhar das 7h às 19h. “Participo de feiras de artesanato, vou nas praças quando têm eventos. É um serviço manual, mas não me afeta porque a maioria do peso que manuseio faço mexendo com máquina elétrica”, explica.
O trabalho exige atenção e paciência, pois geralmente as peças são pequenas. “Faço mais para colecionadores e é bem detalhado. Serro, lixo, encaixo as peças e uso cola para grudar. Os brinquedos pequenos levam em torno de duas semanas para ficarem prontos e os maiores, como um caminhão, é mais rápido”.
A intenção é fazer peças parecidas com os objetos da vida real. Na oficina está o mini fusquinha que tem até os bancos de madeira e o capô pode ser erguido. Luiz também faz carros de boi, helicóptero, Kombi, tanque de guerra, bicicletas, relógios, suporte para coar café e decorações para casa.
Para melhorar a durabilidade das peças, o artesão ainda dá banho de verniz. Em alguns casos, Luiz pinta com cores retrô. O valor dos trabalhos varia de R$10 a R$280.
Serviços: Encomendas pelo contato (67) 9 9236-8199.
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