Mãe morreu e deixou máquina para Lila ser feliz de jeito inesperado
Quando herdou máquina de costura, filha nem cogitava seguir os passos da mãe, mas a vida teve uma reviravolta
Há quatro anos, Helena Alves, 35, tirou a máquina de costura, herdada da mãe, de casa e resolveu recomeçar sua vida seguindo os passos da matriarca. Apesar de ter crescido em meio às linhas da mãe, Lila nunca cogitou ser costureira até dar os primeiros passos na profissão. Hoje, ela só consegue imaginar a felicidade que estaria nos olhos de Ivalda caso estivesse viva para ver seus passos.
Filha caçula, Lila conta que a mãe trabalhou durante a vida toda como costureira de reparo e que as roupas da família costumavam ser feitas pela matriarca. “Ela não tinha um comércio aberto, fazia tudo dentro de casa mesmo. Me lembro que para os clientes ela ajustava roupas e coisas assim, mas para os filhos ela gostava de criar”.
Após a morte da mãe, que morava em Pedro Gomes, a lembrança mais forte deixada por ela foi justamente a máquina de costura. Sem pensar duas vezes, ela trouxe a ferramenta de trabalho de Ivalda para Campo Grande e só oito anos depois transformou a máquina em seu instrumento de trabalho.
Por ter crescido com os olhos atentos às costuras feitas pela mãe, Lila detalha que sempre soube ao menos o básico da costura. Ainda assim, até precisar recomeçar a vida profissional não havia se dedicado ao trabalho deixado por Ivalda.
"Eu nunca imaginei que fosse trabalhar com costura, tanto que todo mundo estranhou. Mas como eu sabia, ficava olhando minha mãe e tinha a máquina, recomecei a vida. Eu estava com dois filhos pequenos e resolvi abrir o negócio para conseguir cuidar deles", diz Lila.
Com apoio do marido, ela começou a atender o público e, assim como aprendeu a pensar nos detalhes com a mãe, desde as roupas até as paredes do ateliê cor de rosa na Rua Alegrete, Bairro Cruzeiro. Inclusive, foi a cor da fachada que chamou atenção da reportagem e fez a gente bater um papo com Lila. “Como gosto dos detalhes, coloquei algumas bandeirinhas temáticas lá fora, vou mudando elas conforme tem temas diferentes no ano. Aí pintei as paredes de rosa também e sempre vou mudando”.
Nesse tempo, a máquina herdada acabou precisando ser vendida, mas para manter a memória da mãe, Lila resolveu comprar outra idêntica. “As máquinas têm ficado cada vez mais caras e a da minha mãe já estava muito velhinha, não tinha mais como usar. Vendi ela com dor no coração, mas consegui comprar outra igual”.
Sendo uma costureira nova, Lila brinca que geralmente precisa convencer os clientes de que seu trabalho é confiável. “As pessoas entram esperando que a costureira seja uma pessoa mais velha, mas consigo convencer de que o trabalho é bom. Hoje já tenho minhas clientes, então é mais tranquilo”.
Feliz com as reviravoltas da vida, ela completa que estar cada vez mais próxima dos ensinamentos da mãe nunca foi algo planejado. Mas que, de alguma forma, o destino foi se ajeitando para que isso acontecesse e hoje ela não consegue mais se imaginar longe das linhas.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).