Mãe, Roberta faz em casa mais de mil marmitas para moradores de rua todo mês
Ela faz tudo sozinha em casa e conta com uma rede de colaboradoras mulheres para conseguir os alimentos
Cinco horas da manhã desta quinta-feira (5). Roberta Monteiro, profissão mãe, como ela mesma diz, acorda, toma um banho, se arruma e vai para cozinha. Ela separa as panelas, facas, garfos, colheres, tábuas, toda indumentária.
No cardápio de hoje: macarrão, salsicha e molho. Roberta separa os ingredientes, corta o que precisa ser cortado e separa em recipientes adequados, tudo digno de um “mise en place” de chef francês, que é o modo como os chefs de cozinha preparam a comida antes de cozinha-la.
É hora de uma pausa para acordar o filho, preparar seu café da manhã e leva-lo para escola. Roberta então volta para casa e começa preparar o prato que havia começado anteriormente. Depois de finalizado ela separa 80 marmitas descartáveis, além de, e não podemos esquecer, encher mais oitenta garrafinhas de água.
Com carro próprio, por volta das 9h40 da manhã, Roberta segue para ponto onde a encontramos, na Rua Raul Pires Barbosa, em frente a um supermercado, na Vila Manoel da Costa.
Lá, ela abre uma geladeira, que fica dentro de uma espécie de gaiola vermelha, e coloca 40 marmitas e 40 garrafinhas d’água. A outra metade ficará em outro ponto da cidade, em uma geladeira igual. “Pronto, o de hoje está feito”.
Roberta cumpre essa mesma rotina três vezes por semana, terças, quintas e sábados, desde 2018. A comida é destinada aos moradores em situação de rua e a geladeira faz parte de um projeto social promovido por uma igreja de Campo Grande.
Na verdade Roberta começou a colocar comida nas geladeiras em 2017, mas utilizava apenas o que sobrava das refeições em família. “Nós começamos colocando as comidas em uma geladeira perto da minha casa, na Rua 15 de Novembro, mas em 2017 mesmo tiraram de lá. Então, eu e meu filho começamos uma saga atrás de outras geladeiras até que achamos essa daqui, da Raul Pires Barbosa e a da Ernesto Geisel, onde deixo a outra metade”.
Roberta então começou a divulgar sua iniciativa apara incentivar outras pessoas, principalmente mulheres, a fazerem o mesmo. Em vez disso ela começou receber ajuda de pessoas com alimento para que ela pudesse aumentar a produção.
“Às vezes a pessoa não tem a mesma disposição e tempo que eu para cozinhar essa quantidade de comida, então ajuda do jeito que pode, que é me dando o alimento e deixando para que eu prepare”.
Contando os três dias da semana e as quatro semanas do mês, são mais de 1.200 marmitas por mês e o cardápio também varia todos os dias. “Não é porque estou doando que vou fazer só arroz, feijão e ovo. E toda vez tem proteína, não é só carboidrato não”, explica.
Segundo Roberta o grupo de doares constantes somam mais de 50 pessoas, todas mulheres. “O que eu precisar é só pedir no grupo que recebo em casa, criamos um laço muito forte de confiança”.
Roberta acha importante as pessoas ajudarem da forma como elas puderem. “Ajude primeiro onde tua mão alcançar. Tem gente passando fome do nosso lado todos os dias. Não menosprezo os problemas dos outros país, mas tem gente aqui passando fome, então é aqui que vou começar”, diz Roberta quando perguntada sobre a razão da sua iniciativa.
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