Mensageiro fiel de Maracaju, carteiro diz adeus às entregas com recado
Após 35 anos de profissão, carteiro de Maracaju se aposentou e com orgulho de ter entregado correspondências para personalidades
Telfo Fabrício Barbos voltava para casa em agosto de 1986, em Maracaju, quando primo de terceiro grau o chamou na porta dos Correios do município. Naquela época só havia um carteiro, que naquele dia se desligou da empresa. Telfo então aceitou a oferta de emprego e se tornou o novo carteiro da cidade no mês seguinte. Ontem, 35 anos depois, ele se aposentou deixando recado simples, mas cheio de emoção, à comunidade do interior que sempre o teve como mensageiro fiel.
Correspondência de família, papelada de negócios, cartinhas de amor. Essas e outras encomendas enviadas pelos Correios passaram pelas mãos de Telfo que hoje tem 57 anos. Longe da tecnologia, ele diz que durante muito tempo as entregas eram feitas “por conhecimento”.
“Não tinha esse tal de GPS e nem endereço. Quando a gente olhava o nome já sabia onde era a entrega de todo mundo. Com o tempo a cidade foi crescendo e as coisas foram mudando. Mas por muito tempo eu sabia onde deixar cada encomenda sem precisar buscar o endereço”, lembra.
Apesar de conhecer cada destinatário, Telfo diz que nunca bateu curiosidade sobre as correspondências, mas se orgulha de ter presenciado muito olhar emocionado.
“Antigamente as cartas eram nosso principal meio de comunicação. Não tinha rede social e celular. Era bonito ver a emoção das pessoas quando recebiam uma carta de um familiar, de um amor”, diz orgulhoso.
Ele também era o mensageiro fiel de personalidades, como um dos fundadores de Maracaju, conhecido como seu Bebé. "Quando soube que entregava carta no início da profissão para ele fiquei feliz, sempre tive muito orgulho. Também entreguei muita carta ao governador na época que ele tinha escritório por lá e ainda não governava".
E nem os perrengues fizeram Telfo abandonar a profissão. "Já tomei muito sol, chuva e latido de cachorro bravo. Mas só nos últimos meses, prestes a me aposentar, eu levei minha primeira mordida", brinca.
Ontem, usando as redes sociais, Telfo deixou um recado carinhoso à comunidade de Maracaju pelos anos de respeito à profissão:
"Passamos vários momentos, corremos várias vezes dos cachorros das vilas, mas cumprimos nossa missão. Fizemos chegar rm todos os lares as mensagens a eles encaminhadas. Às vezes de tristeza, as vezes de alegria, mas esta é a missão do carteiro. Agora depois de quase 35 anos dedicados a esta tarefa, estou indo embora, chegou a hora de retornar ao seio de minha família e por este motivo estamos nos separando, chegou a hora de me aposentar, mas levo comigo a certeza do dever cumprido, levando no coração o amor que tive da familiar correios, que me fez o homem, que hoje sou. Abraços, amigos. Estarei em minha casa no mesmo endereço que sabem. Meu ranchinho não tem tramela", publicou.
A postagem rendeu muitos comentários de amigos e desejo de boa sorte.
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