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Comportamento

Miss perde coroa após comentários considerados racistas

Ângela Kempfer | 01/11/2022 18:20
Veruska Dezirre, personagem de Elvys há 36 anos. (Foto: Reprodução)
Veruska Dezirre, personagem de Elvys há 36 anos. (Foto: Reprodução)

A Miss Mato Grosso do Sul Diversidade Plus Size, Veruska Dezirre, perdeu o título depois de postagens nas redes sociais, consideradas preconceituosas. Com “palavras que fazem com que pessoas se sintam ofendidas, diminuindo as mesmas nas questões sociais em relação a suas posses, comparando pessoas aos animais, bem como utilizando termos que dão entendimento a falas preconceituosas”, justifica a organização em nota.

No dia 19 de novembro acontece o Miss Brasil Plus Size, mas agora quem vai representar o Estado é a 2ª colocada, Vicky Banks. "O Miss é um ato político, mas de representatividade, não partido, bem como social e precisamos sempre manter esse posicionamento. Demos oportunidade à mesma de retratação à sua comunidade e não o fez, cabendo a nós agir em razão do bem comum evitando demais desgastes posteriores”, detalha a nota.

A decisão foi anunciada nesta terça-feira 01), pela ONG Mescla - MS (Movimento de Estudo de Sexualidade, Cultura, Liberdade e Ativismo de Mato Grosso do Sul), que realiza o concurso de beleza voltados à comunidade LGBTQIA.

Como representou Três Lagoas, primeiro a Miss MS foi destituída pela coordenação municipal e depois o mesmo foi feito pelo comitê estadual, avisando que “a mesma não fará parte do Hall de Misses eleitas”.

Nas postagens, Elvys Ferreira, 47 anos, que criou o nome Veruska Dezirre como personagem há 36 anos, usou palavras como “encardidas”, o que a organização entendeu como ato racista. Também mandou o alvo da postagem “comer lavagem”.

“Nós não podemos permitir alguém que represente uma classe diminuir e ofender pessoas e não entender que fez algo errado. É uma questão social”, explica o organizador do concurso, Frank Rossat.

Agora quem vai representar o Estado é a 2ª colocada, Vicky Banks. (Foto: Assessoria)
Agora quem vai representar o Estado é a 2ª colocada, Vicky Banks. (Foto: Assessoria)

O concurso ocorreu no dia 15 de outubro e, até então, Elvys nunca havia se posicionado de maneira que para o grupo LGBTQIA vai contra tudo que a comunidade defende.

Miss tem aquele clichê de buscar a paz mundial, e foi justamente o contrário, sustenta Frank. “Nunca foi questão de ser a mais bonita, sempre foi buscar alguém que nos representasse, não tem usar palavras de ódio”.

Já Elvys garante que não está nem um pouco abalado com a situação. “O que eu queria eu consegui. Lutei contra 5 candidatas e os 11 jurados me escolheram. Estou tranquilo. O que aconteceu é que fiz postagem contra alguém que ofendeu minha mãe. No meu perfil pessoal e não da Miss. Nunca fui preconceituoso ou racista, quando falei "encardida" me referi ao tipo de gente que é insistente no mesmo assunto", se defende.

Segundo ele, o post foi direcionado a uma mulher branca, de olhos claros que é “hétero e casada e que xingou minha mãe por política”.

Professor de artes há 19 anos na rede pública de Campo Grande, ele diz que não concorda com muitas bandeiras da diversidade. “Não acho que homem tem de beijar homem em público, nem mulher beijar mulher. Não precisa ser escandaloso. Também não defendo ideologia de gênero em sala de aula”.

Mas nunca escondeu a homossexualidade depois de ser aceito pelos pais. “Sou gay desde que me conheço por gente. Meu primeiro relacionamento foi com 13 anos. Minha mãe falava que era doença. Fiquei em guerra 2 anos tentando convencer que isso não existe. Hoje é ela minha melhor amiga”.


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