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Comportamento

Mulher causa revolta ao dizer que índios são desocupados e devem ser enterrados

Elverson Cardozo | 30/05/2013 14:30
Print do comentário feito por Luciana Rios. (Foto: Reprodução/Internet)
Print do comentário feito por Luciana Rios. (Foto: Reprodução/Internet)

Internauta que se identifica como Luciana Rios causou polêmica nesta quinta-feira (30) ao comentar, no Facebook, notícia sobre a morte de um índio durante confronto na fazenda Buriti, em Sidrolândia, município que fica a 71 quilômetros de Campo Grande.

A mulher, que também se apresenta na rede como Lu Ferraz, disse que os índios só fazem baderna e, por isso, deveriam ser jogados em um buraco e enterrados. Além da declaração que causa espanto, Luciana tratou com descaso a luta dos terenas, que reivindicam área de 17 mil hectares da aldeia Buriti – identificada como terra indígena em 2011.

“Ai pega todos esses índios joga num buraco bem fundo e enterra. Eles só servem pra fazer baderna. Se eles pegassem as terras pra produzirem tudo, mas não... Pegam só pra trocar por dinheiro e trocar por drogas... bando de desocupados”, escreveu.

O comentário foi postado na página do Campo Grande News, no Facebook, em uma notícia que cita a avaliação do conflito pelo ex-deputado Ricardo Bacha, dono da fazenda Buriti.

A jornalista Liziane Berrocal foi uma das primeiras a compartilhar, em forma de protesto, o print da tela com as palavras de Lu Ferraz. “É isso que muita gente da minha [timeline] deve pensar, mas não fala. [...] Tenho medo desse pensamento de higienização social se disseminando, sendo cada vez mais recorrente entre as pessoas”, escreveu.

A declaração da mulher rendeu comentários de apoio, de quem assume ser “intolerante com algumas coisas” e daqueles que, perplexos, criticaram a atitude de Luciana.

Ben Oliveira, outro usuário da rede, chegou a citar o nazismo. “Um bando de gente se comportando como Hittler... Vejam os horrores causados pelo nazismo de perto e repensem suas opiniões. Nada como ter um choque de realidade e acordar para a vida. Ninguém para para pensar que poderia ter nascido no outro lado da moeda, né?”, escreveu.

No mesmo post, Marta Freire Audi resumiu a situação: “Brasil, mostra sua a cara... mais uma vez!”. O presidente do Fórum Municipal de Cultura, Vitor Hugo Samudio, arrematou: “Vamos contar os mortos (como sempre, índios)”, disse.

O Campo Grande News tentou contato, pelo Facebook, com a autora da mensagem, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

Confronto - A fazenda Buriti foi invadida pelos terenas em 15 de maio. No mesmo dia, saiu uma decisão para que os índios deixassem o local. A reintegração não foi cumprida no dia 18 e a decisão acabou suspensa até ontem, quando foi realizada audiência na Justiça Federal.

Sem acordo entre as partes, o juiz Ronaldo José da Silva determinou o cumprimento da reintegração de posse. A operação de reintegração de posse da manhã de hoje conta com a Polícia Federal, Polícia Militar, Bombeiros, médicos do Samu e policiais da Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe).

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em Mato Grosso do Sul acompanha a ação na Fazenda Buriti. Até agora, o confronto resultou em um indígena morto e outros 5 feridos. Os 17 mil hectares da aldeia reivindicados pelos indígenas estão em posse de fazendeiros.

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