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Comportamento

Na organização criativa, não dá para manter quartinho da bagunça: menos é mais

Organização não tem regra, mas tudo tem de ser funcional e fácil de utilizar

Danielle Valentim | 01/11/2019 06:06
Neste caso, um cabide para echarpe virou porta colar.
Neste caso, um cabide para echarpe virou porta colar.

Organizar é diferente de arrumar. A organização é minimalista, sustentável e facilitadora. Agora imaginem usar a criatividade e objetos de casa para aproveitar espaços. Nessa pegada, um porta-revista vira porta-mamadeira e uma simples etiqueta pode guiar qualquer um dentro de sua casa.

Maysa Faracco, personal organizer e especialista em organização criativa, garante que há mais um pensamento negativo do que positivo quando se fala sobre o tema. “As pessoas acham que a organização tira a liberdade”, frisa.

O que é organização criativa? Nada mais é que fugir do óbvio e usar objetos que não foram feitos para organizar ambientes. Na cozinha, por exemplo, Maysa usa o porta-revista para organizar as mamadeiras do filho. O mesmo objeto é usado como porta tampas de vasilhas Tupperware, tábua de carne, secador e até latas.

O porta-papel toalha vira organizador de pulseira e outra dica importante é sempre trabalhar na posição vertical para ganhar espaço. No quarto do filho, a variedade de opções é maior ainda. Etiquetas nas fraldas para noite, roupas separadas em cores e classificadas entre sair/ou ficar em casa.

Parece complicado, mas facilita a vida até de um estranho dentro da residência, pois tudo é alinhado e direcionado. As calças de Maysa, por exemplo, são organizadas em cabides infantis, já que o espaço não as deixa “sambando” de um lado para o outro e nem arrastando no fundo do guarda-roupa.

Os organizadores etiquetados separa os acessórios prata dos dourados. Isso classifica e preserva as peças. Um cabide esharpe vira um guarda colares perfeito.

Maysa fala sobre o poder de estruturas verticais para organizar espaços.
Maysa fala sobre o poder de estruturas verticais para organizar espaços.
Porta revista virou porta mamadeira e tampas.
Porta revista virou porta mamadeira e tampas.
Facas organizadas para não perder o fio.
Facas organizadas para não perder o fio.
Etiquetas nas gavetas.
Etiquetas nas gavetas.

Maysa mostra que é possível sair do óbvio, com coisas que já estão em casa ou que custam pouco mais de R$ 10,00, em loja de variedades. Outros exemplos, são cortar um pedaço de macarrão de piscina e colocar no cano da bota ou inflar uma boia de braço de criança para colocar em bolsas que não podem ser dobradas.

Há uma infinidade de opções, pois a organização criativa não exige dinheiro, ela só precisa ser iniciada. Maysa comenta que a bagunça extrema pode ter relação com problemas pessoais e, por isso, é preciso dar o primeiro passo.

“Quando nosso quarto está uma bagunçado, provavelmente é reflexo de algum problema pessoal que nós também não estamos conseguindo organizar. Nós, personais organizers, trabalhamos muito a questão da qualidade de vida e de que é possível organizar o tempo. Quando estou fora de casa, eu só digo a meu marido: abre a gaveta e veja a etiqueta roupas para sair. Isso evita estresse”, conta.

As calças de Maysa, por exemplo, são organizadas em cabides infantis. (Foto: Kísie Ainoã)
As calças de Maysa, por exemplo, são organizadas em cabides infantis. (Foto: Kísie Ainoã)
O quarto deve ser cama e guarda roupa. (Foto: Kísie Ainoã)
O quarto deve ser cama e guarda roupa. (Foto: Kísie Ainoã)

Xô quartinho da bagunça! Maysa nunca foi acumuladora e isso facilitou a organização como estilo de vida. Ela explica que a organização parte do pressuposto de ambientes minimalistas e sustentáveis.

O quarto deve ser cama e guarda roupa. “Quanto mais objetos ou móveis você tem para te tentar a pendurar algo ou deixar algo ali para tirar depois, haverá uma procrastinação. E você não vai arrumar depois e é bagunça que atrai bagunça. Não dá para ter aqueles objetos, tipo, uma panela elétrica que fica guardada esperando o dia de usar. Tudo tem de ser funcional e fácil de utilizar”, ressalta.

A criatividade não vem do nada. É preciso estudar os ambientes da casa e o personal organizer faz isso num estalar de dedos com a consultoria. A organização não tem regra, mas é necessário que o morador entenda o funcionamento da casa.

Maysa admite que nem sempre foi assim. Ela ainda lembra de um comentário feito pela mãe sobre a situação de seu quarto na adolescência. “As palavras me marcam muito e eu lembro que ela disse: ‘Nossa, imagino como será sua casa, quando você tiver a sua. Vai ser um rolo, toda desorganizada’. Aí eu falei, não, minha casa não será assim. A Sol me ajuda na faxina às segundas-feiras, mas ela chega e não tem nenhuma louça de domingo”, garante.

Quando começar? Maysa explica que a organização não é um milagre que cai do céu e precisa até de planejamento. “Você não vai resolver tudo da noite pro dia. Afinal, a casa não foi bagunçada da noite para o dia, foi um processo. E a organização é um processo. Então você se planeja e começa a organizar por partes. Hoje, não vou organizar meu quarto, mas vou organizar o guarda-roupa, porque aí você não se cansa e continua”, explica.

Formada em Direto, Maysa Faracco é professora universitária há 12 anos, mas o casamento em janeiro de 2018 e a organização da própria casa foram o ponta pé para mergulhar de vez na organização criativa.

À frente de uma mudança e da reforma da própria casa, Maysa caprichou no que mais gosta de fazer e logo depois começou a colher frutos, já que as pessoas começaram a perguntar quem era a arquiteta que tinha decorado a residência. Os amigos foram os maiores incentivadores, já que disseram que ela poderia ganhar dinheiro com aquilo.

Maysa explica que a organização não é um milagre que cai do céu e precisa até de planejamento.(Foto: Kísie Ainoã)
Maysa explica que a organização não é um milagre que cai do céu e precisa até de planejamento.(Foto: Kísie Ainoã)

Os colegas da universidade sempre ressaltaram o potencial empreendedor de Maysa e no semestre passado quando perdeu algumas horas/aulas que impactariam no orçamento de casa viu que era uma oportunidade para investir.

Em Campo Grande não há empresas certificadas para curso de personal organizer, mas em julho, durante as férias da universidade, Maysa teve a oportunidade de participar de um curso de Carla Picoli, pela empresa OZ! Organize.

“Inclusive, ela é daqui, mas atualmente mora em Goiânia. Ela organiza closet de famosos, como Naiara Azevedo, Leonardo. Ela é referência. No curso pouca gente estava com intenção de investir na área, mas eu fui pensando nisso”, conta Maysa.

Assim que o curso se encerrou, a professora lançou o desafio de que na semana seguinte, as alunas teriam de apresentar uma logo e transformar o perfil pessoal do Instagram em perfil profissional. Maysa saiu à frente, novamente, fez tudo sozinha e não demorou muito para que recebesse o convite para o primeiro workshop.

“Como tinha muitos alunos, o perfil no Instagram já tinha mais de mil seguidores. Dá um dó, são muitas fotos, mas aos poucos eu vou transformando. Eu mesma fiz uma logo e mandei fazer um cartão virtual. Três semanas depois do curso eu fiz stories dentro da Leroy Merlin dando dicas, minha mãe até questionou o fato de eu não estar ganhando nada pela propaganda, mas respondi que fazia parte do meu trabalho. Uma semana depois a Leroy me ligou perguntando sobre a possibilidade de um workshop”, lembra.

Há 12 anos lecionando para acadêmicos, preparar um workshop foi o de menos. O próximo passo seria elaborar algo diferente, afinal, Maysa não queria ser mais uma a ensinar dobrar roupas. A partir daí, nasceu a organização criativa by Maysa Faracco.

Do curso até agora foram quatro meses e Maysa sabe muito bem, que é preciso despertar nas pessoas o desejo de se organizar.”Às vezes as pessoas não enxergam que precisam. Colegas reclamam que o mercado está parado e eu não digo nada, porque ainda não senti isso. É claro, que não vivo totalmente disso, mas tenho orçamentos, mudanças e pós-mudança e várias parcerias nas próximas semanas. Tem personal organizer que monta árvore de Natal. Então, público tem é preciso despertar o interesse nas pessoas”, conta.

No próximo dia 23 de novembro, um wokshop sobre a organização criativa acontece em parceria com a ONG Amigos de Maria, no Espaço Pantanal, na Avenida Hiroshima, às 9h30. A entrada é um brinquedo novo que será entregue às crianças da ONG. As vagas são limitadas.

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Grade dividindo pratos. (Foto: Kísie Ainoã)
Grade dividindo pratos. (Foto: Kísie Ainoã)
Potes verticais organizando o espaço. (Foto: Kísie Ainoã)
Potes verticais organizando o espaço. (Foto: Kísie Ainoã)
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