“Não é fardo, é amor”, diz pai que adotou menina com deficiência
Casal fez o que apenas 6,51% dos que querem adotar no Brasil fariam: adotar uma criança com deficiência, mesmo depois de 10 filhos
“Não é fardo, é amor” diz o pai e servidor público Jusefei Vagner Fuhr, 45 anos, ao lado da esposa e professora Karla Fabricia Aparecida Soares, 50 anos, que fizeram o que apenas 6,51% dos casais que querem adotar no Brasil fariam: levar para casa filhos com deficiência. A menininha de 2 anos que saiu de Três Lagoas na semana passada para viver com sua nova família não é primeira filha do casal. Os dois já adotaram 10 crianças.
A fotos e o nome da criança que os pais carinhosamente chamam de ‘Estrelinha de Luz’ serão preservadas por cumprimento ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Mas não há processo que esconda o amor dos pais pela criança durante a conversa.
Por telefone, o pai conta que o ciclo de adoções começou há 15 anos e juntos compõem ‘a grande família’ na região em que moram no Mato Grosso, numa cidade pequena escolhida para garantir qualidade de vida e tranquilidade às crianças que foram chegando e ganhando um novo lar ao lado do casal.
O primeiro filho do casal é autista, eles também já adotaram grupos de irmãos e adolescentes. Sempre questionados, o pai é enfático. “Não é arrogância, não é prepotência, é amor e acreditamos que essa é a nossa missão aqui: dar amor a essas crianças”.
Por isso, ano após ano, fóruns de diversos lugares entraram em contato com o casal, que sempre estiveram no percentual pequeno de pais pretendentes que aceitam crianças independente de suas particularidades.
Adotar uma criança com deficiência estava nos planos do casal há alguns anos, “mas esperávamos um momento certo”, pontua o pai. Até que na semana passada o casal chegou a Mato Grosso do Sul para conhecer a filha. “Cremos que ela é uma estrela de luz que veio para trazer muita alegria. Estamos muito felizes, nosso coração transborda de alegria, não nos importamos com o que o mundo diz ou julga, é uma decisão nossa e estamos muito bem”.
Faltam palavras para o pai explicar o sentimento de ter a filha nos braços, mas Jusefei diz ter a sensação que a menininha sempre fez parte da vida do casal. “É como se fosse uma magia, algo que não é do nosso mundo. Ela se adaptou maravilhosamente bem em contato dos irmãozinhos. Hoje em casa estamos em 10 pessoas, isso porque nossa filha mais velha já está na universidade e morando fora”.
Desde sua chegada, os momentos são de carinho, cuidados extras e aprendizados. Além das medicações e alimentação por sonda, a ‘Estrelinha de Luz’ necessita de acompanhamento com neurologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, mas os pais pouco se importam com os esforços.
“Ela já nos ensinou muito e creio que nos ensinará muito mais, será uma evolução de vida para nós gigante. Mas nós nunca nos arrependemos de ter os nossos filhos, não enxergamos isso como um peso e nem um fardo, pelo contrário, enxergamos com amor. É natural que os filhos deem trabalho, mas pra mim e para a Karla as coisas fluem de forma diferente, as coisas vão se encaixando dentro de casa.
Embora alguns olhem de maneira diferente para a relação da família, Jusefei gosta de deixar claro que os filhos são filhos e ponto final. “Sejam eles filhos do coração ou não, filhos são filhos. É algo natural em nossas vidas. É claro que o medo e a insegurança todos nós temos, mas depois de todas experiências, para nós, é natural esse amor em nos nossos corações”.
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