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Comportamento

Nas ruas, Gerson mostra a cara e conta sua história para ver se reencontra filho

Aos 50 anos, de um lado para o outro, Gerson vive nas ruas e está à procura da família

Alana Portela | 30/01/2020 06:33
Gerson Gaspar dos Reis faz questão de mostrar o CPF para comprovar que é uma "pessoa de bem", como ele mesmo diz. (Foto: Henrique Kawaminami)
Gerson Gaspar dos Reis faz questão de mostrar o CPF para comprovar que é uma "pessoa de bem", como ele mesmo diz. (Foto: Henrique Kawaminami)

É andando de um lado para o outro nas ruas de Campo Grande que vive Gerson Gaspar dos Reis. Ele é natural de Divinópolis, Minas Gerais, e veio para Mato Grosso do Sul há 15 anos para trabalhar, contudo nunca mais voltou. Desde então, perdeu o contato com a família e agora quer reencontrar os dois filhos. Foi ele quem pediu para que fosse divulgada sua foto e história na esperança de ser localizado pelos parentes. 

“Vim porque recebi um convite para trabalhar fazendo fornos em Ribas do Rio Pardo. Na época, fiz o trabalho e recebi o valor do serviço, mas gastei o dinheiro com coisas erradas, em bordel. Depois vim para Campo Grande e lembrava-me da minha família, por isso me entreguei à cachaça”, conta.

Aos 50 anos, ele recorda que na época que veio para o Estado era casado, tinha dois filhos, uma menina de 10 anos e um menino de 8 anos. Todos concordaram com a viagem de Gerson, mas os planos eram voltar assim que o serviço terminasse, coisa não saiu do papel. “Quando vim pra cá, trouxe no bolso o telefone da casa da minha mãe, mas seis meses depois, quando liguei não deu certo. Acho que tinha vendido o aparelho”.

Ao lembrar dos filhos, Gerson até baixa a cabeça por conta da saudade. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ao lembrar dos filhos, Gerson até baixa a cabeça por conta da saudade. (Foto: Henrique Kawaminami)

Desde então, anda pelas ruas da Capital sem rumo nem direção, apenas em busca de alguns bicos de pedreiro para trabalhar e conseguir economias que o ajude a voltar à cidade natal. “É muito triste ficar sozinho, minha família deve pensar que eu morri porque nunca mais ter recebido notícias”.

Enquanto isso, ele continua por aqui tentando até se livrar do vício, mas afirma que é difícil com tanta solidão. “Bebo por conta deles. Já entrei numa clínica de reabilitação, mas também não deu certo e continuei bebendo. Sou uma pessoa trabalhadora, que não tem medo de pegar no pesado e hoje moro nas ruas”.

Gerson costuma estar na rua Dom Aquino, no bairro Amambaí. Com os pés rachados, roupas mais ou menos e mãos sujas do trabalho, ele vive se questionando como está sua família hoje. “Meus filhos estão adultos, minha mãe não sei se continua viva e a esposa deve ter casado novamente”, comenta.

Das últimas lembranças que guarda da família ele se recorda de quando estava com as malas prontas para viajar a trabalho. “Lembro-me da minha mãe me olhando sair pelo portão. Olhei pra trás para ver a casa e vi ela me vendo ir embora, isso nunca esqueci”.

Após tanto tempo fora da cidade natal, Gerson planeja voltar a Divinópolis em dezembro deste ano. “Não quero voltar de mãos vazias já que vim trabalhar. Estou trabalhando como pedreiro aqui em Campo Grande e quero ir para o Pantanal, onde vou ficar longe da cidade e da bebida. Assim consigo juntar dinheiro e ir ficar com eles, sem depender de ninguém. Meu maior desejo é poder abraçar meus filhos”, finaliza.

Se você conhece Gerson ou alguém da família pode encontrá-lo indo nos arredores da antiga rodoviária de Campo Grande.

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Ele sentou e contou sua história de vida e o real motivo de estar nas ruas hoje. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ele sentou e contou sua história de vida e o real motivo de estar nas ruas hoje. (Foto: Henrique Kawaminami)
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