Neguinha de Camisão é pescadora “profissa” com até página no Face
Mulher aquidauanense levanta o peso de peixes "no muque" e sem vara de pescar
Eronildes Constant dos Santos não nasceu nas águas do Aquidauana, mas Neguinha de Camisão sim. Filha de pescadores, a mãe de três filhos só foi redescobrir o talento nato de família quando mais precisou. Recém-divorciada aos trinta, pescou no rio o seu sustento. Hoje com 46 anos, ri de orelha a orelha durante telefonema com o Lado B.
"Primeiro veio a necessidade, depois reviveu a paixão. Já tinha isso no nosso sangue, mas só quando eu me separei, que optei ficar por aqui mesmo, voltou o amor pela pesca", admite.
Mesmo com os filhos crescidos, já casados e com suas próprias família constituídas, Neguinha não se arrepende um minuto sequer de ter ficado sozinha à beira do rio.
"Este é o lugar que eu me sinto mais feliz na vida. Eu realmente amo o que eu faço".
Inclusive, ela é boa de linha – sem vara, só "no muque" mesmo – e já pescou jaú com mais de 50 quilos. Tradição antiga ou sorte de geração?
"Vou no brutão mesmo. Quem é pescador sabe que não tem muito o que escolher, o que vier já tá bom. Mas naquele dia dei sorte. Agora é só na jurupoca, pelo menos é a época".
Conquistas e aventuras que foram parar na internet. Na sua página do Facebook, a pescadora não é só conhecida como Neguinha de Camisão, mas cada vez mais a "profissa" rústica de MS.
"Meu irmão Bila quem criou tudo. Ele vai postando e falando pra mim como é que tá indo o negócio. Sou meio abestalhada nessa coisa de internet, sou totalmente desligada".
A gente te entende, Neguinha – sua "coisa" é mesmo com o rio.
"Quando eu saio para acampar junto ao Bila, dura de 10 a 15 dias. Não tem energia, água encanada, internet, nada disso. Não me faz menor falta. Acordo com o passarinho cantando na beiro do rio, sem saber que dia da semana é. Nem relógio levo".
Novas águas – Já que a pandemia passou longe do distrito de Camisão, e com o retorno gradual do turismo em MS, Neguinha já está deixando no jeito um espaço reservado ao lado de sua casa onde atenderá enquanto restaurante caseiro.
"Vou fazer algo bem simples, sem inventar moda. Pesco e corro pra cozinha. Vai ter peixe frito, ensopado, assado, grelhado, tudo que é tipo. Acompanhamento será mandioca, arroz branco e pirão. Mas adianto que o carro-chefe é o escondidinho de jurupoca. Quem já provou não reclama", brinca Camisão com uma baita gargalhada.
Finalizamos a conversa por telefone com o convite de Neguinha para que em breve possamos nos conhecer e experimentar suas variedades regionais. Se depender do Lado B, a viagem já tem data.
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