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Comportamento

“Nem queria aparecer”, diz açougueiro que deu casaco a cadeirante

Dono do gesto que viralizou no Estado é espírita e açougueiro, e acredita que o mundo precisa de bons exemplos

Gabrielle Tavares | 02/08/2022 17:56
Rapaz veste casaco no idoso, que dormia na calçada, em Anastácio. (Foto/Reprodução)
Rapaz veste casaco no idoso, que dormia na calçada, em Anastácio. (Foto/Reprodução)

O açougueiro Jeferson da Silva Oliveira, de 39 anos, foi o responsável por doar o casaco ao cadeirante, de 62 anos, que estava dormindo na rua sem camisa em uma das madrugadas mais frias do último mês na cidade. Sem saber que estava sendo filmado, o morador fez o gesto de coração, sem intenção de receber reconhecimento e ficou surpreso quando viu que o vídeo viralizou.

“Eu nem queria ter aparecido, porque é dito na bíblia que o que a mão direita faz a esquerda não precisa fazer. Mas a gente tem que estar espalhando bons exemplos também, porque a gente vive num mundo de muita maldade, é muita injustiça no nosso mundo. Aí quando alguém faz a coisa mais tranquila do mundo como essa, todo mundo fica surpreso”, relatou ao Campo Grande News.

O açougueiro contou que pratica karatê às 5h, antes de entrar no trabalho, mas naquele dia sofreu uma distensão muscular e precisou sair mais cedo da aula. Quando voltava para casa de bicicleta, avistou o idoso deitado na calçada da rádio Nova FM 103,5 e resolveu parar.

“Foi um instinto de ser humano. Primeiro ele já estava dormindo ai não quis incomodar e joguei o casaco nele. Quando ele deu uma reagida, pedi para ele levantar o braço pra eu ajudar a vestir e perguntei se ele queria que chamasse alguém, mas ele disse que não, que só queria ficar em paz”, relatou.

Açougueiro Jeferson da Silva Oliveira comoveu com gesto de solidariedade. (Foto: Ronaldo Regis)
Açougueiro Jeferson da Silva Oliveira comoveu com gesto de solidariedade. (Foto: Ronaldo Regis)

A temperatura naquela noite ficou em 14ºC e sensação de aproximadamente 12ºC, por conta da ventania. “A gente aqui na cidade está acostumado com 45ºC, 47ºC, então bate um vento e a gente já sente o frio né”, completou Jeferson.

Nas imagens, dá para ver que a cena aconteceu tão cedo na quinta-feira que ainda parecia ser noite, mas Jeferson conta que está acostumado a acordar cedo. “Levanto todo dia lá por 3h40, 4h. Como sou espírita, sou acostumado a acordar para tomar mate e ler meu livro espírita. Aí entro no trabalho às 7h, em Aquidauana, faço intervalo do almoço e só saio às 20h. Ai volto para minha casa em Anastácio”, explicou.

O açougueiro não conhecia o idoso e não voltou a falar com ele depois do ocorrido, mas soube que o filho ficou responsável por cuidar do pai, que não voltou mais para a rua.


Vídeo - O caso aconteceu por volta de 5h30, quando o radialista Ronaldo Régis estava chegando para trabalhar e presenciou a cena. Ele acionou o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) de Anastácio, que acolheu o idoso que, depois, relatou que havia brigado com o filho e saído de casa com travesseiro e edredom, por volta das 3h30, e resolveu ficar na rua.

Regis diz que ele e os colegas resolveram ver as imagens para ver a hora que o idoso chegou ao local e se surpreenderam ao ver um rapaz que, pouco antes da chegada dele, às 5h15, havia passado na calçada. De bicicleta, ele para, tira o casaco que havia amarrado no pescoço e cobre o idoso.

Regis também é escrivão da Polícia Civil e relatou a situação para a delegada Karolina Souza. Ela foi até a casa do idoso para tentar localizar o filho dele. O relato é que ele seria usuário de droga e expulsou o pai de casa. Como o idoso não quis representar contra o filho, a delegada apenas advertiu o rapaz para que a situação não acontecesse novamente.

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