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Comportamento

No 'pix da confiança', Leandro vende paçoca para bancar curso de Direito

Com o sonho de um dia ser juiz, ele entrega as paçocas confiando que depois os clientes façam o pagamento

Jéssica Fernandes | 23/02/2023 06:11
Leandro Medeiros começou a vender paçocas no 'PIX da confiança' para pagar estudo. (Foto: Jéssica Fernandes)
Leandro Medeiros começou a vender paçocas no 'PIX da confiança' para pagar estudo. (Foto: Jéssica Fernandes)

É na base da confiança que Leandro Medeiros, de 33 anos, vende paçoca no Centro de Campo Grande. No cruzamento da Avenida Afonso Pena, sentido shopping, com a Rua 25 de Dezembro, ele passa de carro em carro entregando os pacotes e avisando que o pessoal pode fazer o pagamento mais tarde.

O ‘PIX da confiança’, segundo ele, funciona e todo mundo que compra sempre passa o valor combinado. Com o dinheiro das vendas, Leandro paga a faculdade de direito com o objetivo de um dia “se Deus quiser” se tornar juiz.

Vestindo camisa e calça social, ele pega o ônibus e desce no ponto em frente à prefeitura. No semáforo, o acadêmico costuma iniciar as vendas de segunda a sexta a partir das 11h sem horário definido para acabar. “Teve um dia que fiquei até 22h”, diz.

Na Avenida Afonso Pena, ele vende produto de carro em carro. (Foto: Jéssica Fernandes)
Na Avenida Afonso Pena, ele vende produto de carro em carro. (Foto: Jéssica Fernandes)

Leandro comenta que o ‘Pix da confiança’ é uma ideia que viu na internet. Na época acreditou que fazer fiado para as pessoas não daria certo, porém quando saiu as ruas com os pacotes de paçoca viu que estava errado.

“Eu vi na internet há muito tempo um rapaz e pensei que ele deveria tomar calote de todo mundo. Eu tentei no primeiro dia, vendi R$ 200 e todo mundo pagou. Fiquei surpreso, porque hoje em dia falam que não pode confiar nem na sombra”, fala.

Apesar do PIX da confiança dar certo, ele confessa que uma vez saiu no prejuízo. Depois disso, Leandro conta que passou a vender as paçocas na localização atual. “Aqui na Afonso Pena fui em outro ponto onde tomei um calote de cento e pouco, mas aqui não, aqui o povo é bom. Já fiquei em outros pontos, mas não sei, aqui o povo parece que é tão bom. É um povo bem bacana que passa nesse pedaço”, destaca.

Pacotes com nove unidades de paçoca são comercializados por R$ 10. (Foto: Jéssica Fernandes)
Pacotes com nove unidades de paçoca são comercializados por R$ 10. (Foto: Jéssica Fernandes)

O curso de direito Leandro iniciou no ano passado numa faculdade particular. Na modalidade a distância, ele desabafa que não conseguiu entender o conteúdo e nem se sair bem nas avaliações. “Era para eu estar indo pro terceiro semestre, mas reprovei porque fiquei totalmente perdido. No começo eu não entendia nada, fiquei perdido, mas consegui entender e focar”, afirma.

Antes de vender os pacotes de paçoca, o homem relata que começou a trabalhar “desde moleque”. Experiência em emprego, ele garante ter um monte. “Eu já vendi verdura, trabalhei de servente, fiz de tudo, carreguei cimento, trabalhei muito em serviço pesado”, declara.

Depois de arranjar diversos empregos, os estudos vieram como uma alternativa para ir mais longe na vida. “Eu passei muita coisa na infância e adolescência e pensei assim: ‘Imagina se depois de tudo eu conseguir me tornar um advogado e talvez lá na frente um juiz’. Isso seria um sonho. Além de advogado meu sonho é ser empreendedor”, conclui.

No semáforo, Leandro vende um pacote com nove paçocas por R$ 10. Ele fica no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua 25 de Dezembro.

O vendedor criou um Instagram para as pessoas acompanharem a rotina de estudos e vendas, o perfil é @leandrovendedordasruas

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