Parir na pandemia não é fácil, mas trouxe reflexões aos pais de Rafael
Rafael nasceu na semana que passou, e seguindo as recomendações iniciais da maternidade, Janaína não teve a companhia do marido
"O momento do parto por chamada de vídeo vai ser tão intenso e magnífico quanto o presencial. Ele realmente nós traz a reflexão para valorizarmos ainda mais os momentos presenciais com a nossa família, e agora nesse momento tão complicado e de isolamento estamos adaptando o nosso modo de interação".
Este é o recado que a professora Janaína Zuza, de 30 anos, tem para as gestantes às vésperas do parto. O marido e pai do bebê Rafael, o guarda municipal Bruno Higa, de 29 anos, viu pela recepção o primeiro filho nascer. A emoção que sentiu foi diferente, mas nem por isso menor do que se tivesse pegado nos braços a criança logo após a cesariana.
Como o Mãe também reclama falou na semana passada, os domingos serão de histórias de quem se tornou mãe em meio à pandemia. O que não quer dizer necessariamente sobre partos, já que a gente entende que se pode se sentir mãe desde a notícia do positivo.
No baby blues, pedimos ao pai que intermediasse nosso contato com Janaína, e a resposta veio escrita, via mensagem de WhatsApp. Foi impossível fingir que a angústia de ver o filho nascer no meio da covid-19 não existia. Juntos, o casal chorou e chegou a pensar em trocar de hospital, diante das recomendações iniciais da Maternidade Cândido Mariano, de não permitir entrada de acompanhantes.
"Quando na semana passada saiu uma nova resolução para acompanhante com os itens para entrar na sala de parto, fomos atrás das coisas que precisávamos, mas não obtivemos êxito em completar os requisitos todos, e faltando uma semana chegamos para o doutor e falamos que não iríamos mais fazer na maternidade", conta a professora e mãe de Rafael.
Porém, ouviram do médico orientações, explicações e também a sugestão de acompanhar a cesariana via chamada de vídeo. "Ele falou das questões de saúde tanto para o bebê quanto para mim. Nisso decidimos fazer na maternidade e passar pela experiÊncia do parto virtual. Ansiosos pelo grande dia da chegada do nosso filho, também tínhamos medo de esquecerem de fazer a chamada", brinca Janaína.
A preocupação do pai foi tamanha que ele perguntou a todo mundo, a todo momento, para quem teria que passar o número de celular. A mãe relata que foi calma para o centro cirúrgico, encarando os momentos finais de gestação e próximo de chegar a ver o rostinho do filho.
"Quando a enfermeira perguntou o número do contato do Bruno, nossa, foi uma alívio, e quando ela disse vamos iniciar, eu imaginei que ele estava ali segurando a minha mão, e realmente ele estava de forma virtual, porém no coração se fazia presente", descreve.
A experiência foi única para o casal, e o registro será através da tecnologia. "Mesmo distante de alguns metros, a tecnologia nos aproximou, e possibilitou que o Bruno presenciasse o nascimento do filho", completa.
Às futuras mamães, Janaína faz questão de deixar seu recado: "podem se sentir seguras, que a equipe da maternidade está bem preparada emocionalmente para nos receber e realizar o registro desse momento. Foi como se o Bruno estivesse comigo lá na sala".
Situação - A Justiça garantiu às gestantes a entrada de um acompanhante no momento do parto na Maternidade Cândido Mariano, na Capital. A decisão do Tribunal de Justiça é em resposta à ação civil pública movida pela Defensoria de Mato Grosso do Sul.
A maternidade havia proibido a presença do acompanhante na sala de parto ou centro cirúrgico no dia 23 de março, devido ao coronavírus. A justificativa era de que as medidas adotadas são para garantir a segurança tanto dos pacientes quanto dos profissionais, acompanhantes e visitantes. A maternidade alegou, que as máscaras cirúrgicas haviam acabado, e que não havia estrutura nas alas de parto para acompanhantes, além da falta de vagas na UTI.
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