Pintado que apareceu no +Você virou homenagem para irmã que se foi
Filé de pintado sul-mato-grossense fez parte do site do programa após ela participar de competição em 2007
“Minha irmã era extrovertida, era tudo. Fazia um pudim de babar. Eu nunca precisei fazer um na vida porque tinha ela para fazer”. Nilza Corrêa Fonseca
Há quase um ano a cozinheira, de 77 anos, que já conquistou o selo de chefe profissional para família, vive um luto diferente. Ela perdeu, em menos de um mês, dois irmãos. A morte repentina de Ramona Corrêa Fonseca, de 74 anos, levou parte do coração de Nilza, mas a cozinha salvou a dona de casa, que se apegou às receitas inventadas ao longo da vida para sobreviver. Inclusive, uma delas, filé de pintado sul-mato-grossense, já foi destaque no programa +Você da Ana Maria Braga em 2007 e era um dos favoritos da irmã.
Ramona faleceu em janeiro de 2024, um mês depois de Nilza ter dado entrevista ao Campo Grande News, em frente ao Mercadão Municipal. Na época ela participou da ‘Cápsula do Tempo’, uma série de reportagens sobre o próximo ano. Para ela a pergunta foi: o que você gostaria de aprender em 2024? Tímida com a abordagem, Ramona, que estava no momento, incentivou a irmã a falar. A resposta foi: fazer gastronomia, ser cozinheira profissional.
Infelizmente Nilza não conseguiu realizar o desejo e não esperava perder, em menos de um mês, o irmão mais velho, Neuthon de Souza, de 88 anos. O homem faleceu devido à idade, em fevereiro de 2024. Já Ramona partiu após ter uma infecção intestinal.
Este ano, a ceia da virada do ano foi em homenagem à Ramona, o prato? Uma das especialidades da cozinheira, peixe. Inclusive, sobre a receita que se destacou no programa de Ana Maria Braga segue sendo um orgulho, ainda mais com o vínculo deixado pela irmã.
“Foi a cozinha que me ajudou, é como uma terapia pra mim. Vou fazer o peixe recheado para ela. Minha irmã era maravilhosa, era muito extrovertida, fazia um pudim de babar. Eu nunca fiz pudim na minha vida porque tinha ela pra fazer. Ela era mais dos doces. Eu faço bem, mas não é minha praia. Acho que cozinhar estava no sangue, minhas tias cozinhavam muito bem também”.
Com dificuldade para falar sobre a irmã, Nilza acredita que ela se encarregou de levar o Lado B até a casa onde mora no bairro Monte Castelo para lembrá-la de algo que existe apenas entre as duas.
“Será que minha irmã que está fazendo isso, trazer vocês aqui? Esse ano foi difícil para mim. Foi ela, depois meu irmão. Fica assim [triste] agora no final do ano. Vou lançar uma receita para homenagear minha irmã, foi aniversário dela dia 31”.
Ela faz questão de falar sobre qual foi o cardápio para a festa da virada. Na lista estão arroz à grega, arroz branco com castanha, peixe recheado com peixe, carro-chefe da noite, e uma salada ‘diferente’, como ela apelidou.
Quando não está na cozinha, Nilza se dedica a assistir às novelas turcas, mas sempre arruma um jeito de fazer algum prato diferente. “Os filhos ficam me perturbando para cozinhar também, no Natal pediram arroz boliviano, receita que me trouxeram de lá mesmo”.
Nas folhas avulsas, ela mostra uma série de receitas que um dia pretende juntar em um caderno. Os detalhes ao longo dos anos são filé de pintado, frango ao creme de maionese, arroz boliviano, suflê de bocaiuva, parmegiana de pintado, escondidinho de pintado (carro-chefe sempre), lasanha de pintado e o prato do +Mais você, filé de pintado sul-mato-grossense.
O segredo da cozinheira é deixar a carne marinar no maracujá ou laranja azeda (tipo da fruta). “Levei 5 anos para acertar isso, você deixa de molho e é impressionante”.
Entre as receitas que mais gostou de fazer, ela escolheu o frango ao creme maionese. “Tem que ter paciência, mas é coisa rápida, leva queijo cottage. Eu cozinho o frango na laranja para tirar o gosto, coloco o ovo e vou colocando depois maionese e muçarela. Não leva tempero nenhum porque a maionese fica boa, arroz, batata palha e boa. Gosto muito. Não lembro qual foi a primeira receita que fiz”.
Além do luto pelos irmãos, Nilza ficou viúva há três anos. O marido, Vitorino de Campos, faleceu devido à covid-19, aos 69 anos. Apesar das perdas, ela diz estar esperançosa para o próximo ano e que além da dor, há vida.
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