Point para ensaios românticos, "cemitério de vagões" do Porto Seco vira cenário
Com uma pegada antiga e moderna, espaço se adapta ao estilo dos casais que vão no local para um ensaio de pré-wedding
No ponto abandonado há 11 anos na BR-262, logo após o lixão, no Anel Viário, o que deveria ser, na verdade, o Terminal Intermodal de Cargas de Campo Grande, conhecido por Porto Seco, hoje é um cemitério de vagões de trens. São pelo menos 60 vagões de carga estacionados em meio à natureza, que por sua localização privilegiada, clima, luz e ligação com a história de Campo Grande com a ferrovia Noroeste, se tornou cenário para ensaio românticos.
Até mesmo o comboio, usado no passado para transportar combustíveis e outros produtos, se transforma em palco para os casais mais aventureiros, além dos vagões dispostos em dois pontos: em uma área restrita da empresa Rumo Logística e estacionados em trilhos inativos.
Luis Fernando Rosa, fotógrafo do Top Studio, chegou ao lugar depois que um casal pediu, há 2 anos. "Eles nos indicaram e, desde então, creio que fizemos uns dez ensaios, pelo menos, no cemitério de vagões".
Para ele, o bacana é que o cenário se adapta ao estilo do casal e consegue combinar com os mais românticos e, até mesmo, com os mais despojados, com uma pegada mais rocker. "Vale pela criatividade. De todos os ensaios que fizemos lá se você olhar um é diferente do outro".
De acordo com o fotógrafo Renan Kubota o local faz sucesso pro ser inusitado. "Trem aqui é uma realidade já distante depois da remoção da ferrovia. A minha geração ainda viu circulação de trem aqui na cidade mas pra quem é mais jovem o trem é uma coisa bem distante da realidade local é um meio de transporte ue a gente quase não usa mais aqui. Mas ali é interessante por conta do contraste: natureza com trem. O trem tem textura de velho, enferrujado, isso é muito bacana, tanto que eu acho que no deserto do Salar, na Bolívia, tem um trem enferrujado que é super famoso também".
Na fotografia, ainda segundo Renan, tudo que é ruína dá um contraste para a fotografia muito interessante. "Se você for ver na Islândia tem um cemitério de aviões muito legal, quem tem condições de ir pra lá faz um registro. É um contraste da natureza com essas ruínas, os grafites, essa tinta, essa coisa de algo que já viveu e que de certo modo ainda carrega uma beleza".
O por do sol é um espetáculo a parte no local. "Traz uma beleza a mais com certeza, especialmente quando o casal sobe nos vagões e a gente aproveita a linha do horizonte", dizem.
Guilherme Calazans também já fez cerca de 4 ensaios por lá, mas garante que, mesmo sendo point, é preciso ter a ver com o estilo do casal. "Se eu acho que vale, eu sugiro, caso contrário nós buscamos outro ponto".
"Eu acho que aqui em Campo Grande a gente tem poucos lugares para tirar foto. Temos uma pecuária e uma agricultura muito forte, sem muitos pontos de natureza. A gente acaba usando o contexto local, natural, para poder produzir esses trabalhos e a beleza sintetiza nestes pontos. A gente até tem cachoeiras mas não temos uma água mais calcária, por exemplo, como da Serra da Bodoquena. Acaba sendo mais uma opção, na verdade, e foi se disseminando, assim como o que aconteceu com o girassol", finaliza Kubota.