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Comportamento

Professor leva alunos pela 1ª vez ao museu e faz ponte da arte à periferia

Foi a chance de crianças reconhecerem nas mostras do MARCO o lugar onde vivem e suas emoções

Thailla Torres | 26/05/2018 07:10
Crianças viveram a experiência de caminhar pelo Marco pela primeira vez. (Foto: Thailla Torres)
Crianças viveram a experiência de caminhar pelo Marco pela primeira vez. (Foto: Thailla Torres)

Apesar da cidade apresentar opções interessantes e gratuitas em espaços dedicados às artes visuais, para muitos, ir a exposições é um hábito a ser construído. Durante a manhã de uma sexta-feira, o fim  de semana começou diferente para 28 crianças. Elas viveram a experiência de caminhar pelo Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul) pela primeira vez.

Com olhares curiosos e os dedinhos apontados cheios de dúvidas pela frente, crianças entre 8 e 14 anos ganharam o incentivo que faltava para aguçar a sensibilidade de quem teve a ideia de construir para elas uma relação entre museu e periferia.

Professor Hugo, quem propôs o projeto. (Foto: Thailla Torres)
Professor Hugo, quem propôs o projeto. (Foto: Thailla Torres)

Educador social em um Centro de Convivência do Jardim Noroeste, o professor de História, Hugo César Fernandes Gondim, que já trabalha com atividades de reconhecimento patrimonial, dessa vez, apresentou de um jeito diferente informações sobre a artista Lídia Baís.

"O objetivo era trazê-los para conhecer as obras da Lídia e também de outros artistas que estão expostas no momento", explica. Hugo já havia visitado o museu para elaborar um plano de visita para as crianças e na sexta-feira a diversão começou cedo.

Quem chegou ao museu observou atentamente a nova temporada de 4 mostras: "Urbanicidade" composta por um coletivo de sete artistas; "Diários de Estudos Botânicos", de Lu Mori; "Templo de Dandara", de Alex Nogueira; e "Opacidade", de Lourdes Colombo. A última passagem foi pelo acervo de Lídia, onde além de suas obras, por algumas minutos ficaram os olhares curiosos e cheios de emoções dos novos visitantes.

"Cada obra desperta algo neles e a interpretação é diversa. Usam a imaginação para ler cada quadro", explica o professor. Em alguns casos, a realidade do Noroeste bate a porta da criatividade para uma interpretação. "Esse quadro aqui lembra muito lá perto da minha casa, dois meninos jogando bola", diz Yuri Ferreira, de 12 anos, ao observar uma das telas na galeria de Urbanicidade.

Goivana passou a manhã descobrindo arte no museu. (Foto: Thailla Torres)
Goivana passou a manhã descobrindo arte no museu. (Foto: Thailla Torres)
Amigas admiram obra de Lídia. (Foto: Thailla Torres)
Amigas admiram obra de Lídia. (Foto: Thailla Torres)
"Cada obra desperta algo deles e a interpretação é diversa", diz o professor. (Foto: Thailla Torres)
"Cada obra desperta algo deles e a interpretação é diversa", diz o professor. (Foto: Thailla Torres)

"A proposta é sempre fazer um casamento das obras com a realidade deles. Utilizo esses instrumentos para terem uma noção do que é a cidade, do que é urbano, para eles escreverem a própria história numa realidade que muitas vezes descreve o Jardim Noroeste como lugar de gente carente, pobre e sem oportunidade", acrescenta o professor.

Por isso, Amanda Silva Rosa, de 9 anos, vai além. Da imaginação ela chegou a pedir um papel no meio do passeio para desenhar. "Queria fazer um desenho e deixar aqui para uma exposição minha", pede com os olhinhos brilhando ao observar o colorido das obras de Lu Mori. Desde criança, Amanda diz sonhar com a arte. "Adoro pintar, minha mãe até separou tábuas para fazer pinturas com cola colorida. Já dei de presente para a professora e a diretora da escola", conta orgulhosa.

Durante o trajeto outra colega diz curiosa à mediadora . "Mas foi a artista que fez tudo sozinha?", questiona. A resposta positiva parece despertar uma vontade. "Também gosto de desenhar".

Depois de visitar as 4 mostras, a hora mais esperada é a visita à galeria de Lídia. "Quando falei da obras da Lidia tive a ideia de fazer jogos de quebra-cabeça para poderem observar o que é que ela queria mostrar com suas pinturas e o que aquilo impactava. Claro que cada um teve uma emoção diferente", comenta o professor.

Na obra Micróbio da Fuzarca, por exemplo, a criançada demonstra desespero, outras vezes, curiosidade. "Sabia que ele é demônio?", questiona Eliane Bispo, enquanto a amiga Joyce Nogueira interfere. "Na verdade é um monstro, Lídia quis mostrar como as pessoas pensavam que ela era", revela sobre o autorretrato da artista com um rabo, de calcinha, e, no lugar do rosto, uma caveira.

Os olhos do professor também brilham de ver a empolgação da meninada. "Meu objetivo é que eles reflitam e construam uma nova história. Tenho uma esperança muito grande nessas crianças".

Depois do passeio, a turma retribuiu com mais arte, com dança de roda, músicas regionais e o passeio terminou em lanchinho no Parque das Nações Indígenas. "Nosso próximo passo é dar a oportunidade deles conhecerem a Morada dos Baís. Eles merecem descobrir o mundo e se reconhecerem em todos os lugares", finaliza o professor.

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Crianças apresentaram dança circular para completar visita. (Foto: Thailla Torres)
Crianças apresentaram dança circular para completar visita. (Foto: Thailla Torres)
Após visita ao museu, criançada aproveitou um lanche no parque. (Foto: Thailla Torres)
Após visita ao museu, criançada aproveitou um lanche no parque. (Foto: Thailla Torres)
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