Reny deixou Não-Me-Toque para criar vida dedicada à música
Em 92 anos, Reny foi maestrina deixando memórias com mais de 40 corais criados
De seus 92 anos, Reny Graeff Sudbrack dedicou a maioria para viver imersa na música erudita e levou o amor pelo canto consigo até seus últimos suspiros. Criadora de mais de 40 corais, a maestrina se foi neste mês deixando memórias espalhadas do Sul ao Centro-Oeste brasileiro.
“Energética, forte e briguenta, ela cativava todas as pessoas por sua inteligência e cultura”, resume Cynthya Sudbrack Belin, filha de Reny. Fã da mãe, a empresária é quem agora guarda toda a trajetória da maestrina em suas memórias e não chega a pensar duas vezes antes de contar um pouco sobre a longa história em detalhes.
Nascida em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, Cynthya explica que a mãe deu início à sua narrativa com a música muito antes da família se mudar para Campo Grande. Natural de Não-Me-Toque, Reny cresceu em meio aos saraus familiares, aprendeu a cantar e nunca mais parou.
“Saindo de Não-Me-Toque, ela foi para Santa Catarina e depois voltou para o Rio Grande do Sul, mas para Passo Fundo. Lá, ela morou por 30 anos e foi professora-fundadora da Universidade de Passo Fundo”, conta Cynthya.
Quando começou a ministrar aulas na então Escola de Belas Artes, Reny já passou a se dedicar às disciplinas de canto coral e canto lírico. Foram três décadas formando alunos em Passo Fundo até que a professora decidiu deixar o Rio Grande do Sul ao lado da filha.
Como a empresária detalha, a mãe se aposentou na universidade, mas nunca quis abandonar sua trajetória com corais. “Vindo para cá ela não iria ficar parada, era extremamente ativa, dinâmica e gostava muito de estudar. Na época, ela foi convidada para fundar o Coral Municipal de Campo Grande durante o mandato de Lúdio Coelho”.
Ao todo, foram três anos de coral municipal até que o projeto foi encerrado, mas Reny insistiu em continuar com o grupo na cidade. De acordo com Cynthya, a mãe fundou um novo coral na Uniderp e permaneceu com ele ativo durante 23 anos.
Enquanto fazia a regência do grupo na universidade também foi convidada para dar início ao projeto no Tribunal de Contas. “No Tribunal eram funcionários e pessoas convidadas e havia essa troca entre os grupos. Durante esse período, ela também criou um outro grupo pequeno, mas mais elaborado. Se chamava Grupo Harmonia e eles cantavam em eventos”, detalha a filha.
Assim como ocorreu com outros grupos, o coral da Uniderp também foi encerrado e, por último, a maestrina seguiu com o do Tribunal de Contas. De acordo com a filha de Reny, ela seguiu se dedicando ao coral do Tribunal até que o projeto também fosse finalizado, mas desta vez de modo mais brusco pela instituição.
Devido ao projeto encerrado e a chegada da pandemia, Reny permaneceu isolada em casa. Mesmo perdendo o ânimo sem poder se manter conectada ao canto, a maestrina nunca deixou de gostar da música e seguiu falando da importância do canto até seus últimos dias.
Entre pequenos e grandes projetos, Cynthya completa que a mãe fundou mais de 40 grupos de coral desde o início de sua vida musical. “Ela sempre foi uma amante da música, ajudou a formar vários corais dando aulas de técnica vocal, que era sua especialidade. Deixou mesmo um legado cultural muito grande”.
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