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Comportamento

Rua 14 de Julho é lavada em ato de fé e resistência contra todo preconceito

Evento acontece na noite desta quarta (20) e celebra diversas formas de expressões culturais no Centro

Por Idaicy Solano | 20/11/2024 18:55
Rua 14 de Julho foi "lavada" em ato simbólico que deu início as celebrações do feriado de Consciência Negra (Foto: Juliano Almeida)
Rua 14 de Julho foi "lavada" em ato simbólico que deu início as celebrações do feriado de Consciência Negra (Foto: Juliano Almeida)

O Dia da Consciência Negra, celebrado pela primeira vez no país como feriado nacional, foi marcado pela “lavagem” da Rua 14 de Julho, no Centro, realizada pelos líderes e membros das religiões de matriz africana de Campo Grande.

O ato simbólico faz parte da 4ª Negra, evento que acontece na noite desta quarta-feira (20), em frente ao bar Me Dá Um Copo. A celebração também contempla diversas formas de expressão cultural, incluindo dança, música, literatura, teatro e manifestações religiosas.

O evento é permeado pelo conceito de “ubuntu”, que significa “eu sou porque você é”, expressando a ideia de união entre pessoas de diferentes comunidades e etnias em um ambiente de solidariedade e parceria.

O ponto alto do evento foi o ato simbólico de “lavar” a 14 de Julho, protagonizado pelos líderes de religiões de matriz africana. “Não dá para falar sobre população afro-brasileira sem falar das religiões de matrizes africanas. Essa resistência perpassa pela religião, pela fé”, destaca Romilda Pizani, responsável pelo evento.

O babalorixá Gaeta, presidente da Federação dos Cultos Afro-Brasileiros e Ameríndios, destaca que o ato simbólico representa um momento de conquista, empoderamento e ocupação de espaços. Ele enfatiza que o Dia da Consciência Negra simboliza anos de luta e resistência, e espera que a celebração se estenda nos próximos anos.

“A água é o que nos mata a sede, o que fertiliza o solo. E a intenção é que a grande mãe água nos traga sempre fertilidade, felicidade e prosperidade. O ato, em si, é uma iniciativa do Movimento Negro, mas também ocorre em conjunto com os povos de matriz africana e a comunidade de terreiro, com a intenção de mostrar que precisamos ocupar os espaços”, expressa.

Ato simbólico representa um momento de conquista, empoderamento e ocupação de espaços (Foto: Juliano Almeida)
Ato simbólico representa um momento de conquista, empoderamento e ocupação de espaços (Foto: Juliano Almeida)
Babarolixá Gaeta durante o ato simbólico (Foto: Juliano Almeida)
Babarolixá Gaeta durante o ato simbólico (Foto: Juliano Almeida)
Ato simbólico aconteceu em frente ao bar Me Dá Um Copo (Foto: Juliano Almeida)
Ato simbólico aconteceu em frente ao bar Me Dá Um Copo (Foto: Juliano Almeida)

A programação conta com apresentação de dança do Grupo Aya, exibições de filmes produzidos por pessoas negras do Estado, por meio do Transcine, exposições artistas do Enegrecer Coletivo e uma performance ao vivo do artista plástico Leonardo Mareco, que realiza durante o evento uma obra em tempo real, abordando questões da identidade e resistência negra.

A atração musical fica por conta de artistas locais e nacionais, incluindo o Projeto Umoja, Eltrio, Falange da Rima, Everson Pires, Versos 67, Marta Cell, o Projeto Alma Negra, General R3, a bateria das escolas de samba de Campo Grande, Marcelus Andrade, Karla Coronel, Simona, Silveira e Tero.X.

O evento também conta com um Varal Literário com destaque à literatura negra, incluindo os escritores Eva Vilma, Camila Oliveira e Carmen Lucia, apresentando seus trabalhos, e uma exposição sobre o livro O Avesso da Pele, com a participação de alunos das escolas Maria Elisa Bocaiuva e Joaquim Murtinho.

Os alunos da Escola Maria Elisa Bocaiuva, também serão responsáveis por encenar peças sobre temas relevantes à história e à identidade afro-brasileira.

Responsável pelo evento é Romilda Pizani, coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul (Foto: Juliano Almeida)
Responsável pelo evento é Romilda Pizani, coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul (Foto: Juliano Almeida)

A coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul, e responsável pela ação cultural, Romilda Pizani destaca que a Rua 14 de Julho foi escolhida como local para a celebração, pois hoje ela representa uma grande referência cultural para a cidade.

“O feriado nacional, para nós, tem um significado muito importante. E esse significado, ele se dá a partir da resistência e persistência. Então, hoje nós celebramos a nossa resistência enquanto população afro-brasileira, a nossa resistência enquanto descendentes de pessoas que acreditaram que esse dia ia chegar”, destaca.

O evento iniciou às 17h, e vai até às 22h desta quarta-feira (20). 

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