Ser Papai Noel é herança deixada por tcheco há 23 anos em Batayporã
Amor de Jindrich Jan Tracta pelo Natal gerou herança que dura gerações
Há 23 anos, Dalibor do Amaral Trachta, hoje com 65 anos, herdou do pai tcheco, Jindrich Jan Trachta, a missão de ser Papai Noel. A tarefa é um lembrete do pedido feito por Jindrich de manter o espírito natalino vivo, mesmo após sua partida. Para cumprir fielmente com a função, que se tornou essencial na vida de Dalibor, o artesão precisa deixar a barba crescer e pintá-la de branco.
RESUMO
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Dalibor do Amaral Trachta, aos 65 anos, herdou do pai, Jindrich Jan Trachta, a tradição familiar de ser Papai Noel. Iniciada em 1978 por Jindrich, que imigrou da República Tcheca após a Segunda Guerra Mundial, a tradição perpetuou o espírito natalino da família. Após a morte do pai em 2000, Dalibor assumiu o papel, pintando a barba e se dedicando à tarefa com respeito e alegria, transmitindo a magia do Natal para as crianças e se tornando o Papai Noel oficial de Batayporã em 2024, além de criar decorações natalinas para a cidade.
A relação com o Natal é explicada pelo novo “bom velhinho” como uma conexão com o pai e uma maneira de perpetuar o legado. Jindrich acreditava que o período fosse “mágico”, repleto de esperança e fé. Ele saiu da República Tcheca em 1949, quatro anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
“Ele trouxe isso da Europa, esse espírito natalino. Veio para cá após a guerra e contava sobre o Natal, o significado. Nós guardamos todas essas histórias, e ele falava sobre Papai Noel, a essência da data. Nós tínhamos essa figura. Minha mãe colocava sal no muro para as renas do Papai Noel comerem. Quando chegávamos para ver os presentes na árvore, rezávamos e cantávamos músicas de Natal. Isso foi crescendo: a alegria e a tradição.”
O que antes era apenas contado através de histórias se materializou. Os filhos pediram ao pai que se vestisse de Papai Noel e desse vida às histórias por meio da figura natalina. A vontade foi atendida. Jindrich, com a barba longa, característica marcante na imagem do “senhor dos presentes”, assumiu o papel. De 1978 a 1999, Dalibor viu o pai vestir o traje natalino. Em 2000, o tcheco faleceu, um mês antes do Natal. A partir de então, a alegria ficou a cargo do filho.
“Um dia conversamos, depois de muito tempo: ‘Pai, você se veste de Papai Noel?’. Isso foi em 1978. Ele já estava com uma certa idade e tinha deixado a barba crescer. Sempre falava que, quando fosse Natal, Ano Novo ou festividades como a Páscoa, era importante manter essa alegria viva na família. Depois do falecimento, peguei a roupa dele e, com muita alegria e tristeza, fui fazer o papel de Papai Noel. São 23 anos fazendo isso. Minha barba é natural, mas pinto ela; queria que fosse branca mesmo.”
Dalibor explica que ser Papai Noel não é apenas vestir vermelho ou ser simpático. É um preparo emocional, dado o significado da data e a alegria que o pai transmitia ao vestir o traje.
“Eu encaro isso como algo muito sério. Levo com respeito e alegria, porque é um momento de trazer felicidade para as crianças. Tenho um netinho que fica muito encantado com tudo. Até hoje ele não reconhece que eu sou o Papai Noel. Para mim, é uma satisfação muito grande ver o carinho das pessoas. É gratificante, o maior presente que um Papai Noel pode receber: a gratidão delas.”
Oficial - Depois de anos sendo Papai Noel apenas para família, este ano Dalidor se tornou o representante oficial da data na cidade de Batayporã - pelo menos em 2024. O município fica a 310 quilômetro da Capital sul-mato-grossense. O descendente de tcheco trabalhou na educação e após se aposentar resolveu investir no ramo da marcenaria. Hoje, além de ser Papai Noel da cidade, ele também faz as casinhas e trenós de Natal do município.
“Depois de 41 anos resolvi trabalhar com marcenaria. Aí fiz os enfeites de Natal da cidade. Tenho três filhos, até hoje eles não manifestaram nada sobre seguir a tradição de ser Papai Noel”. O artesão ressalta que este ano resolveu guardar a roupa do pai para preservar a história e que comprou uma especialmente para ser o “bom velhinho” de Batayporã.
Em 1949, Jindrich desembarcou no Rio de Janeiro, onde passou pouco tempo e seguiu rumo a Mato Grosso do Sul. De lá, veio para uma companhia de avião, no cargo de gerência de Bataguassu, depois se estabeleceu em Batayporã, onde faleceu em 2000.
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