"Serei o próximo demitido?", pensa trabalhador em meio à pandemia
Pela primeira vez em nossa história recente, vivemos um clima generalizado de tensão em relação ao nosso futuro como empregados
Medo de perder o emprego é algo que surge em momentos muito específicos de nossas vidas profissionais. Acontece quando a empresa passa por uma crise, ou quando temos problemas com o modo de trabalho, dificuldade de relação com os colegas, tudo isso são indicativos de que as coisas não vão bem e que podem desaguar no desligamento.
Porém, não há como negar que, pela primeira vez em nossa história recente, vivemos um clima generalizado de tensão em relação ao nosso futuro como empregados.
É perceptível que o trabalhador, por força das circunstâncias, no caso o coronavírus, nunca esteve com tanto medo. Esse é o caso da cabeleireira Idalina Braga, de 38 anos. Ela trabalha há oito anos no ramo e nunca passou por uma situação igual a essa.
“Tenho família, preciso do meu emprego, por isso estou com medo. Venho trabalhar sempre meio que na tensão, sem saber se vai dar tudo certo”.
A vendedora de roupas Mikaelly Oliveira, de 21 anos, está assustada. “Onde trabalho algumas pessoas foram dispensadas, por isso fica sempre aquela coisa, será que vou ser a próxima?”.
Ela mora com marido e filho e trabalha como vendedora há cinco anos. “É muito difícil lidar, sabe”, finaliza.
Rita Helena, de 34 anos, é auxiliar de limpeza. Com dois filhos e marido desempregado, tem o salário como único sustento da casa. “Dou graças a Deus que estou trabalhando”.
Trabalhando mesmo. Ela não parou de limpar a vitrine da loja onde trabalha um minuto enquanto conversávamos. “Meu medo não é só por mim, é por minha família”.
Perguntada como tem lidado com esse medo e a exemplo dos outros entrevistados, ela diz que tenta não pensar muito nisso. “Apesar do receio, tento não ficar pensando nisso toda hora, trabalhar ajuda nisso”, fala sorrindo.
O vendedor de motos Selmo Duarte, 33 anos, atua no ramo há nove anos. Com esposa e filho, viu o valor de suas comissões nas vendas serem diminuídas, segundo a empresa, justamente pra não precisar demitir.
“Fica complicado. Apesar da garantia do emprego por enquanto, a gente não sabe aonde isso vai parar”, conclui o vendedor ainda receoso pelo futuro.
Segundo a consultora de Recursos Humanos, Marcia Fachini, é importante até que as empresas prestem atenção nesse viés psicológico dos próprios funcionários, e que os faça entender que o trabalho em conjunto é o melhor caminho para sair dessa crise que não foi causada por nenhum dos dois.
“É interessante o empregador tranquilizar sua equipe, mas mostrar a importância de um bom trabalho, assim como ele próprio entregar um bom trabalho”.
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