Tatuagem traz o amor dos avós que nunca abandonaram o guarani
Casal faleceu há dois anos, mas recentemente ganharam homenagem da bombeira militar
Quando o assunto são os avós Epifania Arévalo e Silvestre Gonçalves, a bombeira militar Jéssica Lopes, 28 anos, não mede palavras. No tom de voz, fica nítido o amor, a saudade e admiração que mantém por aqueles que considera como segunda mãe e segundo pai. Ambos faleceram há dois anos, porém ganharam em novembro e dezembro de 2021, uma linda homenagem da neta.
No braço esquerdo, Jéssica fez duas tatuagens que representam separadamente a vó Santa e o vô Ito. Cada desenho ganhou uma frase inscrita no guarani para honrar o idioma materno do casal de paraguaios, que mesmo morando no Brasil, nunca o abandonaram e tinham o maior orgulho da língua.
Para Silvestre, a profissional escolheu a expressão “Mborayhu mba'e pyta”, enquanto Epifania ficou com “Kuña mbarete”. O significado das duas sentenças, respectivamente, é “Amor que fica” e “Mulher forte”.
Feitas pela tatuadora Larys Escobar, os desenhos são inspirados nas fotos que a neta guarda de recordação. Jéssica conta que durante toda a vida, esteve na companhia deles. “Eu fui criada por eles, tínhamos um contato diário. Eles moravam próximo da minha casa, estávamos sempre próximos, então, é como se minha vó fosse minha mãe e meu avô o meu segundo pai”, afirma.
Silvestre partiu em janeiro de 2020 e, no mês seguinte, Epifania foi diagnosticada com câncer. Ela ficou firme até novembro, quando conseguiu ver a neta vestir a farda militar e realizar mais um sonho. “Minha vó rezou muito por mim e vibrou muito quando consegui passar no concurso de bombeiro. Na noite anterior ao falecimento, recebi a farda e mostrei para ela a foto. Parece que ela estava esperando isso para falecer”, diz.
Ao relembrar o relacionamento dos avós, Jéssica exalta que ambos ficaram juntos durante 69 anos. “Na missa de sétimo dia dela, no dia 20 de novembro, eles fariam 70 anos de casados. Então, eles comemoraram juntos no céu”, fala.
Mesmo depois de dois anos, a saudade se faz presente na rotina de serviço dela. “Durante toda minha vida profissional, sempre penso nela, a cada vitória, a cada conquista. Sinto muita falta deles e quis homenageá-los, porque sinto neles uma força, eles me guiam muito”, ressalta.
Para simbolizar essa força e união que mantiveram, a bombeira escolheu com carinho o lugar para colocar a imagem dos dois. “Eu escolhi o braço pela força que eles me dão e coloquei do lado esquerdo que é o do coração. Coloquei eles juntos, porque vão ficar assim para sempre”, conclui.
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