Tiago volta como maquiador das estrelas 20 anos após deixar Capital

Desde que deixou Mato Grosso do Sul aos 11 anos, Tiago Francisco nunca imaginou que iria retornar para Campo Grande, sua cidade natal, por trabalhar ao lado de atrações reconhecidas nacionalmente. Ele conta que em 20 anos muita coisa aconteceu, incluindo viver em abrigo e se tornar o maquiador, cabeleireiro e produtor das estrelas.

Criado em Jaraguari, Tiago se orgulha de dizer que nasceu na Capital e enche a boca para dizer que é sul-mato-grossense. Se preparando para voltar a Mato Grosso do Sul a trabalho, hoje ele integra a equipe do rapper Thaíde, que irá se apresentar no Festival Campão Cultural, e também da esposa do rapper, Ana Preta.

Detalhando sua trajetória, o maquiador conta que antes de integrar equipes que atenderam Deborah Secco e Taís Araújo, a estrada foi longa. “Minha mãe trabalhava em uma fazenda a 5 quilômetros de Jaraguari, na época era cozinheira. Quando eu tinha 11 anos, por diversos motivos e problemas pessoais da minha mãe, nós precisávamos ir para Campinas, em São Paulo”.

De mudança para Campinas, Tiago explica que guarda até hoje na memória as cenas da infância em Jaraguari. “Me lembro que fiquei muito mal por me mudar porque eu gostava muito da vida em Jaraguari quando criança. Mas nos mudamos para Campinas e, quando eu tinha 13 anos, minha mãe foi internada no hospital psiquiátrico por problemas psicológicos”, diz.

Quando as mudanças mais intensas, sem a mãe, começaram a acontecer, Tiago ficou sob responsabilidade de um familiar, mas em menos de um ano foi levado para um abrigo de menores em São Paulo.

“Fui para a Cidade dos Meninos e morei lá dos 13 aos 18 anos, nesse período minha mãe até saiu do hospital, mas já tinha perdido minha guarda. Então, a gente se via a cada 15 dias, só aos finais de semana”, detalha Tiago.

Para Tiago, a vida do abrigo não foi fácil, mas ao mesmo tempo permitiu que ele conseguisse se profissionalizar e começar a trilhar os caminhos que escolheu. “Eu estudava, fazia cursos e aprendi que eu gostava de mexer com beleza feminina. Lá eu fiz curso de corte de cabelo e comecei a fazer os cabelos das mães sociais, que eram aquelas mulheres que cuidavam da gente”.

Ainda no período em que viveu na Cidade dos Meninos, o maquiador narra que fez outros cursos e, ao completar 18 anos, foi encaminhado para a república da instituição. “Eles não te abandonam quando você completa os 18, então fiquei um ano morando na república e consegui um emprego com ajuda da instituição”.

Logo em seu primeiro emprego, Tiago começou a ter contato com a produção de beleza dos famosos. “Trabalhei por quatro anos com o Lauro, que foi uma luz na minha vida. Ele me levava para São Paulo nas feiras de cabeleireiro e tinha esse contato com o palco. Fui aprendendo que gostava desse lado mais glamouroso”.

Decidido a seguir o rumo, Tiago resolveu se mudar para a capital de São Paulo e, com ajuda do primeiro chefe, conseguiu chegar à cidade já empregado. “Trabalhei por mais quatro anos como assistente de uma cabeleireira de moda, ela fazia São Paulo Fashion Week e foi ótimo. Mas ela acabou saindo do ramo e precisei encontrar um novo emprego”.

Foi assim que o cabeleireiro e maquiador entrou em uma rede de salões reconhecida e, aos poucos, começou a encontrar seus trabalhos solo. “Eu conheci um profissional chamado Max Weber e ele foi uma segunda luz depois do Lauro. Comecei a aprender sobre maquiagem e ir para vários eventos de moda”.

De acordo com Tiago, foi nesse período em que realmente entendeu o que queria fazer da vida e não deixou mais de trabalhar com artistas. “Consegui entrar no mundo da música também e fui me encantando, tanto que estou até hoje”.

Emocionado por retornar a Campo Grande ao lado de artistas que se orgulha, Tiago completa que nunca imaginou que iria voltar com a sensação de que sua vida mudou tanto. “Eu tenho orgulho de ser de Mato Grosso do Sul, mas nunca imaginei mesmo que voltaria assim. Quis contar minha história porque sei que muita gente pode passar por períodos difíceis, mas dá para ter outros rumos. Eu tive e sei que é possível”.

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