Variant é relíquia de Guaracy desde 1971 e nele os filhos aprenderam a dirigir
Uma relíquia é guardada com muito zelo na garagem da casa do simpático Guaracy Paula da Costa, de 87 anos. A Variant TL, de 1971, faz parte da vida em famíla desde que foi lançada. São 47 anos de história sob as quatro rodas originais do carrão de design autêntico, com a sua frente chamada de "nariz de tubarão", por ser arredondado nas laterais.
Dentre as memórias mais marcantes, está o momento em que dois dos três filhos aprenderam a dirigir no piloto da Variant. Zelma e Zênio Garcia tiveram a responsabilidade de dirigir a máquina mais preciosa e amada do pai. Com o êxito, ganharam a confiança de Guaracy, o primeiro instrutor com quem os dois tiveram contato.
"Lembro o primeiro momento que papai me disse para tirar o carro a garagem. Eu na época era bem novo, devia ter 14 anos, e ficava fissurado reparando em todos os movimentos dos motoristas. Com base nisso, o pai me mandou tirar o carro da garagem da nossa casa em Pelotas, dar uma volta na quadra, e guardá-lo. Mas eu morri com a Variant na volta e foi-se 4 anos até pegar em seu volante pela segunda vez", diz Zênio.
O paizão tinha na ponta da língua os macetes que os filhos iriam precisar para aprender a dirigir na cidade. Tanto é que quando Zênio foi tirar a carta, de volta para Campo Grande, conseguiu de primeira.
A esposa e mãezona da casa, dona Claudete Garcia da Costa, de 82 anos, brinca que o marido tem mais ciúmes da TL do que dela. "E o pior que sempre foi assim, muito antes de se tornar uma relíquia. Ele não gostava que batesse a porta muito forte, por exemplo".
Zuleida Garcia, a filha mais velha, completa dizendo que o pai não deixava carona entrar com o pé sujo e que por conta do amor ao carro ser explícito dentro do quartel em que servia, os colegas nem coragem de pedir tinham.
Sempre muito cuidadoso com seus carros, Guaracy já havia tido dois carros antes da TL. As revisões foram todas feitas na Discautol, local onde a máquina foi adquirida, num tempo em que a Avenida Afonso Pena era muito diferente de hoje em dia. "Ela ia ali da Perpétuo Socorro até o Obelisco", conta ele.
O período em que foi mais usada foi quando a família viajava por conta da transferência do pai. De Campo Grande foram para Pelotas, Nova Iguaçu e depois voltaram para a Capital sul-mato-grossense.
Tanto é que do dia 6 de agosto de 71 para 3 de setembro de 88 foram a Variant completou a marca de 70 mil quilômetros rodados. Hoje está com pouco mais de 82 mil km.
Os bancos sempre forrados, manutenções feitas periodicamente, limpeza interna só mesmo pelas mãos de Guracy, por tanto cuidado o carro permanece quase intacto. Após um laudo feito por um clube de TL, do sul, a Variant ganha placa preta e se torna ícone de colecionar. Até o estepe é o mesmo de 1971!
A intenção é que o carro permaneça na família como recordação daqueles que vieram primeiro. "Papai ama muito esse carro. O Zênio leva para colocar gasolina e óleo porque tem ficado muito tempo parado na garagem depois que nosso pai fez cirurgia na coluna. Por enquanto, só os dois mexem na nossa relíquia", diz a filha.