Vendedor ganha freguesia com “kit pedreiro” e bom humor em avenida
No semáforo, Rafael chama a atenção com placas debochadas para incentivar motoristas a comprarem água
“Boca seca”, “Quero água”, “Tô com sede”. A sequência de placas instaladas em postes é quase um comando que induz, especialmente motoristas, a beber água na Avenida Dr. Nasri Siufi, sentido Centro.
Quase na esquina com a Rua Panambi Vera, na região do Buriti, as placas trazem uma figura ainda mais engraçada, o vendedor Rafael Gonzales, de 37 anos, que não poupa deboche e bom humor na hora de atender os clientes.
Ele vende água mineral gelada no local para os motoristas que passam por ali e sofrem com o calor de Campo Grande. E o que chama a atenção são as placas que ele usa para convencer a freguesia na hora da venda.
Junto da água, Rafael também vende cigarro de marca barata, conhecido pela qualidade duvidosa, mas “romantizado” pela juventude pela acessibilidade. Nas palavras de Rafael, água e “Fox” formam o “kit pedreiro”.
O vendedor se destaca não só pela simpatia, mas por seu “marketing”. As plaquinhas descritas no início do texto, por exemplo, foram tiradas do conceito “Jequiti”, marca de cosméticos de Silvio Santos que aparece repentinamente durante a programação do SBT.
“Eu pensei que poderia ir colocando na cabeça das pessoas, pra quando elas chegassem aqui, já entendessem que era para comprar água”.
Mas a cereja do bolo são as placas que ficam no cruzamento mesmo. Uma diz: “Você não é um cacto, tome água”, acompanhada de um desenho da planta. Outra provoca: “Melhor uma pedra no rim do que duas no caminho. Não, pera, beba água”.
Na própria banca, a que ele se refere de “escritório”, outras duas plaquinhas menores completam o arsenal. Uma faz referência ao cigarro: “Cê não pita?”, junto do meme que ficou famoso por um cara detido contrabandeando cigarro e outra placa com um camelo bebendo água.
Dá para perceber bem que o humor das plaquinhas é natural na personalidade de Rafael. Engraçado, ele leva tudo meio na brincadeira. “Eu fico aqui no meu escritório do meio dia às 16h. Não tem perigo de não me achar”.
Mas a brincadeira é o caminho pelo qual o vendedor cumpre tarefas muito sérias. Rafael trabalhou muitos anos em lojas no Centro da cidade. Seu último emprego com carteira registrada foi há dois anos.
“Depois que perdi o emprego, fiz alguns bicos e vendo alguns vídeos na internet, achei uma boa ideia vender água no semáforo. Comecei em fevereiro desde ano”.
A água custa R$ 2,00 e o cigarro R$ 3,00. “Consigo tirar de lucro aqui cerca de R$ 60,00 por dia, bem mais do que tirava fazendo bicos. Além disso, fico parado”.
É com esse dinheiro que Rafael ajuda a sustentar a família. Ele mora com esposa e a filha, que começou esse ano a faculdade de enfermagem em uma faculdade particular.
“Vou seguir aqui no meu escritório até aparecer uma coisa melhor, mas duvido que aconteça por agora”, finaliza rindo.
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