"Enfiando linha na agulha", peruano quer voltar para casa depois de roubo
Releve a ignorância, mas quem vive muito mais no computador do que na vida real nunca imaginou que existia no mercado um objeto criado apenas para enfiar linha em agulha. Só descobrimos isso graças ao peruano Elme Ramos, de 37 anos. No Centro da cidade, ele chama a atenção pelo letreiro no peito, no cruzamento da Avenida Fernando Corrêa da Costa, com a 13 de Maio.
Há três dias, o rapaz viu na venda do objeto curioso uma forma de arrumar dinheiro para voltar para casa. Ele conta uma história de fazer qualquer um desembolsar alguns trocados e ajudar. Diz que foi assaltado no Paraguai e perdeu tudo. A viagem tinha como destino final a cidade de São Paulo, onde ele iria reencontrar a irmã, que já não vê há 8 anos, garante.
Com um “portunhol” nada fluente, Elme fala um pouco sobre os últimos anos entre o abre e fecha do semáforo da Rua 13 de Maio. Ali, e no cruzamento com a Rua 14 de Julho, são os principais pontos de venda.
Elme conta que comprou uma grande quantidade do aparelhinho colorido em uma lojinha da 14 de Julho e revende cada um por R$ 5,00, com o manual explicando passo a passo o uso.
“Mas o movimento anda fraco. As pessoas não estão muito interessadas em comprar meu produto”, se queixa.
Elme diz que antes de vir para Campo Grande trabalhava como segurança em Lima, cidade onde nasceu. “Eu ia reencontrar a minha irmã depois de oito anos. Mas enquanto eu passava pela cidade de Assunção eu fui assaltado”, reforça.
Segundo o rapaz, os ladrões roubaram dólares e pesos bolivianos, o que equivale a R$ 2.380,00. Eles levaram também um aparelho celular, mas sobrou um pouco de dinheiro para chegar até aqui.
Hoje, em Campo Grande, é só ele e os "enfiadores de linhas". Até o destino mudou, depois do azar pelo caminho. Ele pretende arrecadar pelo menos R$ 600,00 para comprar a passagem até o Paraguai e em seguida voltar para o Peru. “Sai mais barato do que tentar ir para São Paulo”, comenta.
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