Bruno largou concurso para resgatar herança fazendo até machado
Cuteleiro conta que família é toda pantaneira e linhagem até o tataravô era de ferreiros
Até 2017, Bruno Cavalcante Toledo Elias seguia uma rotina regular como servidor público, mas a paixão pelo resgate da tradição familiar fez com que ele abandonasse seu concurso para trabalhar como cuteleiro. Vindo de gerações de ferreiros, o profissional começou com um canivete e hoje produz até machado viking.
Com seu ateliê em Coxim, o cuteleiro faz questão de reforçar que seu trabalho tem como base principal técnicas artesanais. E, apesar de produzir ferramentas variadas, seu forte são as forjas de machadinhas e fabricação de canivetes pantaneiros.
“Essas peças que têm características da nossa região são aquelas que o pantaneiro carrega consigo como ferramenta. Elas ganharam visibilidade na Europa e nos Estados Unidos por sua beleza ímpar e a qualidade tanto estética quanto por retenção de fio”, explica Bruno.
Mas, antes de detalhar sobre as técnicas e materiais utilizados, Bruno comenta sobre a carga histórica da profissão tanto para sua família quanto para a comunidade em geral. De acordo com o cuteleiro, seu caminho começou há 18 anos, mas antes disso seus antepassados já trilhavam o caminho.
Ouvindo histórias por parte do avô materno, ele descobriu que até seu tataravô, praticamente todos os homens trabalhavam como ferreiros. “Até que houve essa interrupção, mas apesar de ter se perdido, a gente continuou sabendo fazer mola, têmpera e a técnica continuou”.
Além disso, o ex-concursado relata que a família é composta por pantaneiros e, unindo a profissão à região, o vínculo se torna ainda mais forte.
“Temos uma carga regional porque o pantaneiro precisa da faca. Mato Grosso do Sul é um estado agrário e isso dependeu da mão de obra do pantaneiro, aquele que carrega sua ferramenta para se proteger de bichos do mato, para tirar galhos e até fabricar seus petrechos”, argumenta o cuteleiro.
Hoje, esse conhecimento e valorização da profissão é algo comum para Bruno, tendo entrado em sua vida de um jeito nada tradicional.
Eu resgatei porque um dia me interessei através de um tutorial para fazer um pequeno canivete e fui atrás daquilo. Uma coisa que era um hobby virou uma renda, até que se tornou meu trabalho principal, relata Bruno.
No âmbito das técnicas e materiais usados, o cuteleiro explica que a cena mais comum em sua oficina é vê-lo em cima de uma bigorna, “malhando o aço incandescente". As profissões mais antigas estão sendo esquecidas, então é um resgate histórico tanto das tradições da minha família quanto do nosso estado também”, diz.
Atualmente, as facas, canivetes e outras peças são compostas por aço carbono e aço inox, tendo origem brasileira e também vindos da Suécia.
Por isso, unindo os materiais e as técnicas artesanais, Bruno explica que as peças partem de R$ 250 e não possuem valor máximo. Para mais informações sobre seu trabalho, o perfil no Instagram é @facas_cavaledo.
Confira a galeria de imagens:
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