Com shoppings fechados, campo-grandense diz que nem sentiu falta
Você teve abstinência de shopping? Em enquete, 78% dos leitores disseram que não
Por muito tempo o campo-grandense teve o shopping como um dos principais locais para entretenimento em Campo Grande. Em uma cidade quente como a nossa, mais do que um cenário comercial, o lugar é considerado a praia campo-grandense aos fins de semana para encontros e até passeio com os cachorros. Mas, de portas fechadas há 22 dias, conforme recomendação no decreto municipal da prefeitura, muita gente deixou de ir às compras ou passear. Questionados sobre a possível abstinência de shopping, 78% das 3,4 mil pessoas que responderam à enquete, feita no Facebook do Campo Grande News, afirmam que não sentiram falta.
Há quem diga que a abstinência é privilégio de consumista ou quem, de fato, tem dinheiro para gastar. Outros 22% assumem a falta que o shopping tem feito na rotina, inclusive, para quem não dispensa o cinema toda semana. Por outro lado, uma parcela do “sim” não se resume em abstinentes, mas pessoas que necessitam trabalhar e têm sobrevivido com estratégias de guerra para dar continuidade às vendas, mesmo em pequena escala.
Glória Khoo, de 31 anos, admite que sente falta da diversidade de serviços em lugar só, mas com o fechamento do shopping, escolheu curtir em outros lugares. “Costumava ir ao shopping para comer e sinto falta da praça de alimentação, de poder comer e em seguida já fazer compra, tudo no mesmo lugar”, afirma. Agora, voltou a frequentar lugares próximos à casa. “Vou na Lagoa Itatiaia, parques, e praças”, diz.
Fernando Gurgel, de 39 anos, diz que não tem sentido falta. “Sinto mais falta dos espaços abertos e dá para passear com a família do mesmo jeito. Ainda mais agora com o vírus, a gente está evitando ir a lugares com muita gente, e shopping sempre é cheio, antes da doença já era. Acho que o importante é passear com a família”, afirma.
Já Jhiully Emilly Segundo, de 20 anos, faz parte do time que não dispensa o estabelecimento mais movimentado aos fins de semana. “Levava a minha filha de três anos duas vezes por semana para brincar e passear, faz falta de ter um espaço assim”, diz.
Quem trabalha no local e há anos estava acostumada com o movimento, diz que vive nos últimos dias um cenário de “terror”. Michelle Carvalho, de 25 anos, trabalha há três anos em um shopping do Centro e agora ajuda nas vendas no principal shopping da cidade. Ela diz que nunca tinha vivido algo parecido “É muito estranho, parece aqueles filmes de terror, tudo apagado, vazio, um silêncio”.
Ela acredita que muitos estão sentindo falta do estabelecimento e ressalta a dificuldade vivida nos últimos dias. “Para nós que trabalhamos com alimentos é muito complicado o fechamento, as demais lojas de roupas e sapatos podem continuar vendendo seus produtos depois. Nós temos perdas de produtos”.